Cristo nos dá sua paz

Jo 14,27-31

Por Pe. Geraldo Martins

Encerrando o discurso feito no contexto de sua partida, Jesus promete a paz aos discípulos, diferente daquela que o mundo oferece. A paz de Jesus traduz de maneira perfeita o shalom, habitual cumprimento dos judeus, que significa “a plenitude de vida e de salvação, a perfeição e alegria, o êxito em todo o empreendimento e a realização dos desejos” (Missal cotidiano). Só o Messias poderia oferecer essa paz. Ela é carregada de esperança!

Muitos compreendem e reduzem a paz à ausência de guerra. Jesus vai além e mostra que a paz só acontece quando a todos são oferecidos os bens necessários para viver com dignidade. Concebida assim, a paz é fruto da justiça, como lembra Isaias (32,17), de tal forma que justiça e paz se abraçam, segundo o salmista (Sl 84/85,11).

São Paulo VI diz, na Populorum Progressio, que o desenvolvimento é o novo nome da paz e que “as excessivas disparidades econômicas, sociais e culturais provocam, entre os povos, tensões e discórdias, e põem em perigo a paz”. A paz, portanto, “não se reduz a uma ausência de guerra, fruto do equilíbrio sempre precário das forças. Constrói-se, dia a dia, na busca de uma ordem querida por Deus, que traz consigo uma justiça mais perfeita entre os homens” (PP 76)

Já o Papa Francisco ensina que “a paz que Jesus nos dá na Páscoa não é a paz que segue as estratégias do mundo, que acredita poder obtê-la através da força, da conquista e de várias formas de imposição. Esta paz, na realidade, é apenas um intervalo entre guerras: sabemo-lo bem. A paz do Senhor segue o caminho da mansidão e da cruz: é ocupar-se do próximo. (...) A sua paz não é o fruto de algum compromisso, mas nasce do dom de si mesmo. Esta paz mansa e corajosa, no entanto, é difícil de aceitar” (13.04.2022)

Acreditamos que Jesus continua junto de nós, sobretudo, nos momentos mais difíceis como os que temos vivido por causa das guerras e das crises que a pandemia do novo coronavírus escancarou. Ao invés de ficarmos perturbados e com medo, vivamos a alegria que nasce de nosso amor a Jesus que vai para o Pai (Jo 14,28), mas não nos deixa sós, como se tivesse nos abandonado. Não precisamos temer “o chefe deste mundo”. Derrotado pelo Cristo, ele jamais nos tirará a paz que nos vem de nosso salvador e libertador.

Ó Cristo, faz-nos viver de tua paz e torna-nos seus mensageiros a fim de que todos os irmãos e irmãs conheçam a alegria de ter-te como salvador e libertador. Amém!