A Palavra se faz vida

A sabedoria dos pequeninos

Mt 11,25-27

Por Pe. Geraldo Martins

“Todas as coisas são mistério”, diz uma canção do Zé Vicente. E nem todos são capazes de descobrir as belezas que o mistério traz escondido consigo, nem mesmo quando alguém as revela. Quando nos deixamos guiar mais pela razão, pela intelectualidade ou pela sabedoria puramente humana do que pelo coração, pela simplicidade e pela inspiração que nos vem do divino, somamos a fila dos que se privam de gozar as maravilhas consoladoras dos desígnios de nosso criador.

Por serem mais abertos e acolhedores, livres de uma intelectualidade que burocratiza e normatiza tudo, os pequenos e simples percebem com mais clareza e acolhem com alegria os sinais do Reino de Deus que Jesus comunica e realiza. Eles são, então, o motivo de Jesus louvar a Deus que “esconde estas coisas aos sábios e entendidos e as revela aos pequeninos” (Mt 11,25).

Se observarmos bem os evangelhos, constataremos que os conflitos enfrentados por Jesus estão relacionados quase exclusivamente com a elite de seu tempo, por exemplo, os fariseus e os doutores da lei, a classe sacerdotal, que se recusa a aceitar o novo trazido por Ele. Já a multidão composta pelo povo simples, pobre e sofredor, reage sempre com admiração e encantamento diante do que Ele realiza. A esses, preferencialmente, o Filho quis revelar o Pai (cf. Mt 11,27), porque o têm como sua segurança e nele depositam sua confiança ao contrário dos grandes e poderosos.

“A fé, que faz aderir a Cristo e à sua Igreja, é sempre também um ato de humildade, expressão de alguém que reconhece ter necessidade de salvação, ato de confiança naquele que nos quer salvar” (Missal Cotidiano). Aqui talvez caibam estas palavras do Papa Francisco na exortação apostólica Gaudete et Exsultate, n. 170:

“O discernimento espiritual não exclui as contribuições de sabedorias humanas, existenciais, psicológicas, sociológicas ou morais; mas transcende-as. Não bastam sequer as normas sábias da Igreja. Lembremo-nos sempre de que o discernimento é uma graça. (...) O discernimento leva à própria fonte da vida que não morre, isto é, conhecer o Pai, o único Deus verdadeiro, e a quem Ele enviou, Jesus Cristo (cf. Jo 17, 3). Não requer capacidades especiais nem está reservado aos mais inteligentes e instruídos; o Pai compraz-Se em manifestar-Se aos humildes (cf. Mt 11, 25)”. 

Senhor, dá-nos a simplicidade e a humidade dos pequenos e pobres para nos deliciarmos com os mistérios que nos revelaste em teu Filho Jesus. Amém!

Comentários

  1. "Senhor, dá-nos a simplicidade e a humidade dos pequenos e pobres para nos deliciarmos com os mistérios que nos revelaste em teu Filho Jesus. Amém!"

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  2. Deus sempre nos surpreende com sua iniciativa de amor, como está, onde sua verdade em primeiro lugar aos simples e humildades, que a acolhem.

    Na leitura de hoje Isaías vem nos falar da cólera de Deus contra o povo que afasta Dele pela ganância, pelo pecado da idolatria, pela traição.

    Senhor, não nos rejeita, dai-nos a sua sabedoria, pois quem ensina não sabe, ou não coloca em prática o que ensina, vem em nosso socorro, Senhor, nos faz pequenos e simples verdadeiramente, amém

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  3. Jesus veio a nós para nos religar a Deus Pai de quem nós tínhamos nos separado, e assim, desvendar para nós os Seus segredos. Apenas conhece o Pai, o Filho porque é UM com Ele. Assim sendo, com sua palavra e ação Jesus revela a vontade do Pai, que consiste em instaurar o Reino dos céus aqui na terra.

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  4. Lembremos sempre de que o verdadeiro discernimento é uma graça!

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