Condições para o discipulado
Por Pe. Geraldo Martins
Ao primeiro que se apresenta decidido e entusiasmado – “eu
te seguirei onde quer que fores” (Lc 9,57), Jesus responde com um alerta que
tem implicações na vida de quem quer segui-lo: “o Filho do Homem não tem onde
reclinar a cabeça” (Lc 9,58). Quem se dispõe a seguir Jesus deve se entregar à
providência divina e se preparar para uma vida de desconforto e incertezas.
Isso significa vida simples, na pobreza, no total despojamento e desapego. Não
é uma decisão fácil. Aqui, “Jesus
nos indicou, a nós seus discípulos, que a nossa missão no mundo não pode ser
estática, mas é itinerante. O cristão é um itinerante”, ensina o papa Francisco
(30.6.2019)
O segundo é o próprio Jesus quem chama. Sua resposta é
positiva, mas condicionada. Não está disposto a segui-lo imediatamente. Adia o
seguimento para após cumprir compromissos familiares – “deixa-me primeiro ir
enterrar meu pai” (Lc 9,59). A resposta de Jesus aponta que fazer-se seu
discípulo está acima dos laços consanguíneos e exige decidida opção. A urgência de comunicar o Evangelho, diz
o Papa, “rompe a cadeia da morte e inaugura a vida eterna, não admite atrasos,
mas requer prontidão e disponibilidade”.
O terceiro se apresenta para o seguimento, mas também coloca
condições: despedir-se de seus familiares. Ao que Jesus responde que a decisão
de segui-lo implica ruptura até mesmo com laços familiares e, uma vez no
caminho com ele, não cabe ficar olhando para trás, com dúvidas a respeito da
própria decisão. Lembra
Francisco que “o seguimento de Jesus exclui arrependimentos e que se olhe para
trás, mas exige a virtude da decisão”.
São Lucas não diz o que aconteceu com esses três
pretendentes a discípulos de Jesus. Aceitaram ou não as exigências de Jesus?
Tornaram-se seus discípulos ou não? Podemos, assim, nos perguntar com qual
deles mais nos identificamos e se, a seu exemplo, também nós condicionamos
nossa resposta ao chamado que Jesus nos faz para segui-lo. Cuidemos para não
invertermos os papeis: no chamado para ser discípulo de Jesus, Ele é quem
coloca as condições e exigências e não nós.
Senhor, dá-nos a graça de nos colocarmos decididamente no
caminho de vosso divino Filho e faz-nos seus discípulos e discípulas por meio
da “itinerância, da prontidão e
da decisão” (Papa Francisco). Enche-nos de coragem para as necessárias
rupturas que exigem nossa vocação e não permitas que, colocando a mão no arado,
fiquemos olhando para trás. Torna-nos aptos para o teu Reino. Amém!
Amém
ResponderExcluir"Senhor, ...torna-nos aptos para o teu Reino." Amém!
ResponderExcluirJesus, " não tem onde reclinar sua cabeça", mesmo sendo o Senhor da história e do mundo. E no entanto, vai prometer muito mais bens e a vida eterna àqueles que deixaram tudo para segui-lo. Só um Deus que tudo faz para nós pode ser de verdade Deus-Amor.
ResponderExcluirNossa preocupação podem ser legítimas,mas não podem estar acima do Reino de Deus, nem nos tirar a disponibilidade para o seguimento de Jesus.
Na leitura de hoje, Jó reconhece a sabedoria de Deus e reconhece que precisa pedir misericórdia ao seu juiz.
Senhor, dai-nos a graça de decidir caminhar no seu caminho, nos fazendo seus discípulos e discípulas .
Que a nossa oração chega até vossa presença.
Nos ajuda a ter forças, fé e coragem de cantar o amor proclamar a verdade, na hora da maior dor, na dor da morte, nos ajuda a testemunhar a verdade e as tuas obras, clamar nas nossas aflições que a nossa voz chega a te vós . Nos ajude a caminhar sem olhar pra trás, amém
'Senhor, dá-nos a graça de nos colocarmos decididamente no caminho de vosso divino Filho e faz-nos seus discípulos e discípulas por meio da “itinerância, da prontidão e da decisão”.'
ResponderExcluirPai torna-me apto para o serviço do teu Reino, dando-me as virtudes necessárias para não me desviar do caminho traçado por ti, mesmo devendo pagar um alto preço por isso
ResponderExcluirQuem põe a mão no arado e olha para trás não é digno de mim! Disse Jesus.
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