A Palavra se faz vida

Fazer-se próximo

Lc 10,25-37

Por Pe. Geraldo Martins

Extremamente conhecida, a parábola do Bom Samaritano é uma fonte inesgotável de amor serviçal. Impossível lê-la e ficar indiferente ao gesto amoroso do samaritano que se esquece de si e de seus projetos para cuidar de um estranho caído à beira do caminho, entregue à morte.

Como o Samaritano, somos desafiados a ver, sentir compaixão e cuidar dos que estão a clamar por vida digna. É dessa forma que nos faremos próximos dos irmãos e irmãs que são vitimas do sistema que exclui, descarta e mata.

O papa Francisco dedica longa reflexão sobre essa parábola no capítulo II da sua encíclica sobre a fraternidade e a amizade social (Fratelli tutti). Num dos trechos ele diz:

“Precisamos reconhecer a tentação que nos cerca de nos desinteressar dos outros, especialmente dos mais frágeis. Digamos que crescemos em muitos aspectos, mas somos analfabetos no acompanhar, cuidar e sustentar os mais frágeis e vulneráveis das nossas sociedades desenvolvidas. Habituamo-nos a olhar para o outro lado, passar à margem, ignorar as situações até elas nos caírem diretamente em cima” (64).

E continua: “Diante de tanta dor, à vista de tantas feridas, a única via de saída é ser como o bom samaritano. Qualquer outra opção deixa-nos ou com os salteadores ou com os que passam ao largo, sem se compadecer com o sofrimento do ferido na estrada. A parábola mostra-nos as iniciativas com que se pode refazer uma comunidade a partir de homens e mulheres que assumem como própria a fragilidade dos outros, não deixam constituir-se uma sociedade de exclusão, mas fazem-se próximos, levantam e reabilitam o caído, para que o bem seja comum” (67).

Senhor, livra-nos do indiferentismo e do egoísmo que nos impedem de nos fazer próximos de nossos irmãos e irmãos cuja vida está ameaçada. Enche-nos de compaixão a fim de vivermos a solidariedade, a fraternidade e a misericórdia. Amém!