A Palavra se faz vida

Cantar a libertação

Lc 1,46-56

Por Pe. Geraldo Martins

Na visita que faz a Isabel, Maria entoa um cântico de rara beleza que resume toda a história da salvação. Ele nos remete a várias passagens do Antigo Testamento, especialmente ao hino que Ana cantou ao Senhor que a agraciou com a maternidade de Samuel (cf 1Sm 2,1-10).

O canto de Maria é uma oração por meio da qual ela exalta a grandeza de Deus que se serve dos pequenos para realizar sua obra de salvação. Recolhida em sua humildade, Maria reconhece a própria pequenez, consciente de que tudo o que nela se realiza é obra de Deus – “o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor” (Lc 1,49). Em momento algum ela atribui a si mesma qualquer mérito pela graça que recebe.

Revolucionário, o cântico de Maria mostra com clareza que Deus toma partido dos pobres, como diz a canção: “Pai Nosso revolucionário, parceiro dos pobres, Deus dos oprimidos”. Deus dispersa os soberbos, derruba do trono os poderosos e despede os ricos sem nada. Ao mesmo tempo, eleva os humildes e enche de bens os famintos (cf. Lc 1,51-53). Isso é consolador!

Maria nos faz perceber também que Deus age com misericórdia e que esta se estende a todos que O amam (cf. Lc 1,50). Dessa forma, ninguém precisa ter medo de Deus se falhar em seu esforço de viver segundo sua lei. Contudo, que fique claro, só experimenta a misericórdia de Deus quem se despe da soberba, da ganância e do poder que está na raiz da pobreza, da miséria e da injustiça social.

Com seu hino, Maria canta a esperança de um tempo novo e o louvor de Deus que sempre age em favor de seu povo. Como lembra Bento XVI, "o Magnificat é o canto de louvor da humanidade redimida pela divina misericórdia, que eleva todo o povo de Deus; E, ao mesmo tempo, o hino que denuncia a ilusão dos que acreditam ser senhores da história e árbitros do seu destino” (01.06.2012). Assim, “esteja em cada um a alma de Maria que engrandece o Senhor, esteja em todos o espírito de Maria que exulta em Deus” (Santo Ambrósio).

Ó Maria, dá-nos tua humildade a fim de reconhecermos as maravilhas que o Senhor faz também em nós. Enche-nos da esperança que nos faz sentir a força e a misericórdia de Deus que vem para libertar os pobres e os pequenos. Amém!

Comentários

  1. "Ó Maria, dá-nos tua humildade a fim de reconhecermos as maravilhas que o Senhor faz também em nós. Enche-nos da esperança que nos faz sentir a força e a misericórdia de Deus que vem para libertar os pobres e os pequenos. Amém!"


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  2. Amém! Assim seja! Maria sempre engrandeceu o todo poderoso porque realizou maravilhas através dela e em nós.

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  3. É hora de levantarmos de nossas acomodações e caminharmos ao encontro daquele que é vida. É hora de abrirmos as portas de nossa existência para que Ele entre e fale conosco. A história ferida de nosso mundo pode ser mudada, e erguer suas mãos em preces, como Ana fez no templo de Jerusalém e Maria na casa de Isabel.

    Na leitura tirada do primeiro livro de Samuel. Quando temos o senso de Deus, de sua misericórdia de sua bondade e de seu amor, vivemos na alegria e no agradecimento, pois sabemos que a vida é dom. Ana reconhece a imensa misericórdia e a grandeza de Deus agradece o dom da Vida em seu filho Samuel, e oferece-o a ele com amor e gratidão.

    Maria exalta a bondade, a grandeza e o infinito amor de Deus para com a humanidade. Duas mulheres, duas mães pobres e simples, marca um encontro infinito daquele que vem para salvar.

    Ó Maria Mãe nossa nos ajuda a ter um coração simples e humildades. Que n nosso coração exalta e que a nossa fronte se eleva a Deus que nossa boca desafia o nosso rivais porque nós alegramos com a vossa salvação. Amém

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  4. Pai, faz-me sensivo à espiritualidade daquela que escolheste para ser mãe de teu Filho, porque ela penetrou, de modo admirável, em teu mistério de amor.

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