A Palavra se faz vida

O martírio nasce da fé

Mt 10,17-22

Por Pe. Geraldo Martins

No segundo dia da oitava do Natal, a Igreja celebra a festa de Santo Estêvão, um dos os sete diáconos escolhidos pelos apóstolos para cuidar da assistência aos pobres. O livro dos Atos dos Apóstolos o define como “homem cheio de fé e do Espírito Santo” (At 6,5) e o apresenta fazendo “grandes prodígios e sinais entre o povo" (At 6,8). 

Não conseguindo resistir à sua sabedoria, grupos que se opunham a ele “subornaram” algumas pessoas para o acusarem de blasfemo (At 6,11). Diane do sumo sacerdote, ele faz um discurso em defesa da fé cristã que espanta a todos (At 7,2-53).  Seu discurso foi como sua sentença de morte. É sempre assim: os amigos do mal preferem calar os que dizem a verdade a se deixarem converter por ela.

A narração do martírio de Santo Estêvão traz muitas semelhanças com a paixão e morte de Jesus como a dizer da identificação do discípulo com o mestre (cf. At 7,57-59). Estêvão experimenta aquilo que Jesus disse que aconteceria aos que se dispusessem a segui-lo, isto é, que seriam perseguidos e torturados por causa de seu nome, conforme o evangelho proclamado na liturgia de hoje. Mas, confirma também que, nesse momento, Deus vem em seu auxílio, tomando sua defesa (Mt 10,19s) e, por isso, resiste e persevera na fé. Torna-s mártir!

Ainda hoje são muitos os que sofrem perseguições por assumirem, na sua radicalidade, o evangelho de Jesus Cristo, sobretudo, quando se colocam ao lado dos pobres, na defesa da justiça e dos direitos da pessoa humana. Há lugares em que cristãos são perseguidos simplesmente pelo fato de serem cristãos. Nas redes sociais, vemos grupos que se dizem católicos atacando lideranças da Igreja por não concordarem com suas posições proféticas diante de tantas situações que contradizem o ensinamento de Jesus.

A força para a perseverança e a resistência vem desta promessa de Jesus: “Quando vos entregarem, não fiqueis preocupados como falar ou o que dizer. Então naquele momento vos será indicado o que deveis dizer” (Mt 10,19). Foi assim com Estêvão, deve ser assim com todos que buscam, no dia a dia, se identificar com Cristo, nosso mestre e salvador.

Deste primeiro mártir da Igreja disse o Papa Francisco: “É o primeiro mártir, ou seja, a primeira testemunha, o primeiro de uma multidão de irmãos e irmãs que, até hoje, continuam a trazer luz às trevas: pessoas que respondem ao mal com o bem, que não cedem à violência nem à mentira, mas interrompem a espiral do ódio com a mansidão do amor. Estas testemunhas iluminam a aurora de Deus nas noites do mundo" (Angelus, 26 de dezembro de 2020)

Ó Cristo,  enche-nos com teu Espírito a fim de que perseveremos diante daqueles que nos fazem mal e nos perseguem por nos esforçarmos para viver de acordo com teu Evangelho. Amém!