A Palavra se faz vida

Nossa Luz e Salvação

Lc 2,22-35

Por Pe. Geraldo Martins

A apresentação de Jesus no Templo traz-nos, pelo menos, três lições. A primeira é o testemunho de Maria e José no cumprimento da Lei que impunha a purificação da mãe que acabara de dar à luz (Lc 2,22). Já a apresentação da criança não era obrigatória, mas era possível conforme Nm 18,15 (“farás resgatar o primogênito do homem”) e recomendada às pessoas piedosas segundo 1Sm 1,24-28 (cf. Bíblia de Jerusalém).

O gesto de José e Maria remete-nos à nossa prática de fé. Quantos há que se afirmam cristãos, mas não cumprem os compromissos de sua fé, num caminho oposto ao dos pais de Jesus que viviam com fidelidade os preceitos de sua religião. Não são poucos os que querem ser cristãos sem, contudo, pertencerem a uma comunidade de fé, à Igreja. São os que se sentem cristãos, mas não se sentem Igreja. É possível isso?  

Ensina-nos Bento XVI que “ninguém pode tornar-se cristão por si próprio. Tornar-se cristão é um processo passivo. Somente podemos tornar-nos cristãos por meio de outro. E este ‘outro’ que nos faz cristãos, que nos oferece o dom da fé, é em primeiro lugar a comunidade dos fiéis, a Igreja. Da Igreja recebemos a fé, o Batismo. Sem nos deixarmos formar por esta comunidade, não nos tornamos cristãos” (10.12.2008). Portanto, não é possível ser cristão fora da comunidade de fé. 

A segunda lição vem do velho Simeão que reconhece Jesus como a Salvação que todos esperavam, a Luz que iluminará todos os povos (cf. Lc 2,30.32). É interessante observar que Lucas acentua que Simeão foi ao Templo “movido pelo Espírito Santo” (Lc 2,27). Só o Espírito Santo nos torna capazes de ver, na fragilidade e pequenez de uma criança, a grandeza de Deus que se humaniza para nos salvar. Sem o Espírito Santo, não sentiremos a alegria do velho Simeão que contemplou a salvação enviada por Deus.

A última lição é a profecia de Simeão que revela Jesus como sinal de contradição e anuncia a dor pela qual Maria haverá de passar. Simeão vê em Jesus o poder de Deus que, “através do mistério do sofrimento e da morte, realizará a salvação do mundo”. Mostra, ainda, que Maria “é convidada a participar desta prova de amor, mediante a dor. A luz que ilumina as pessoas passa pela obscuridade da dor; esta permanece o mais seguro caminho para ser do número dos salvos” (Missal Cotidiano).

Senhor, dá-nos teu Espírito Santo a fim de que, por ele iluminados, reconheçamos Jesus como nossa Luz e Salvação. Amém!