A Palavra se faz vida

O caminho da luz

Mc 8,22-26

Por Pe. Geraldo Martins

A cura do cego de Betsaida, narrada por Marcos, chama atenção por dois aspectos. O primeiro é que Jesus não exige, explicitamente, daquele cego ou das pessoas que o apresentam algum testemunho de fé. Em outras curas, a fé é sempre ressaltada por Jesus: “Vai. Conforme creste, assim te seja feito!” (Mt 8,13); “Mulher, grande é tua fé” (Mt 15,28); “Vai, tua fé te salvou” (Lc 7,50).

O segundo aspecto é o modo como Jesus cura aquele cego. Há uma espécie de rito: toma-o pela mão, sai do povoado com ele, cospe em seus olhos e coloca a mão sobre ele (Mc 8,23). E, o mais curioso, a cura se dá em dois tempos e não de maneira imediata. Primeiro ele vê as pessoas como árvores e, só depois, vê claramente. “A lentidão da cura não é decorrente da dificuldade do caso ou da impotência de Jesus, mas da fé nebulosa do cego” (Missal Cotidiano). 

Esta cura deste cego “serve de parábola para o processo de iluminação da inteligência dos discípulos, na tentativa de compreenderem e assimilarem os ensinamentos de Jesus” 

(Pe. Jaldemir Vitório). Catequético, Marcos quer mostrar que a iniciação cristã é um processo.

Ninguém se torna discípulo de Jesus da noite para o dia, mas é preciso trilhar um caminho, seguir um rito. A cegueira que nos impede de ver Jesus como salvador e libertador vai se dissipando à medida que  nos deixamos guiar por Ele. Se não lhe dermos a mão e não deixarmos que Ele nos conduza para “fora do povoado”, ou seja, para uma nova realidade, e nos toque com sua mão, continuaremos sem sua luz, com olhos, mas sem capacidade de ver. Seremos, então, merecedores da mesma reprimenda que fizera aos seus discípulos: “Vocês têm olhos e não enxergam, têm ouvidos e não escutam?” (Mc 8,18).

Senhor Jesus, faze-nos trilhar no caminho que nos leva à fé; cura nossa cegueira a fim de que, guiados por tua luz, enxerguemos com clareza teu amor que liberta e salva. Amém!