A Palavra se faz vida

A pergunta que muda nossa vida

Mc 8,27-32

Por Pe. Geraldo Martins

Conhecer as pessoas é determinante para estabelecermos nosso relacionamento com elas. Para tanto, será necessária uma convivência mais próxima e profunda com elas, do contrário, não as conheceremos suficientemente para nos identificarmos com elas e poderemos nos enganar a seu respeito.

A nossa relação com Jesus não é diferente. Se não tivermos clareza de quem Ele é e o que Ele significa em nossa vida, enganaremos a nós mesmos ao afirmar que somos cristãos. Daí a importância de buscarmos, cotidianamente, no mais profundo de nosso intimo, a resposta à pergunta que Jesus faz aos seus discípulos no evangelho de Marcos proclamado na liturgia de hoje: “E vocês, quem dizem que eu sou?”

Ao contrário do que muitos pensam, não é tão simples responder a essa pergunta. O povo, que presenciara tantos sinais realizados por Jesus, não foi capaz de reconhecer sua verdadeira identidade e o confundia com um profeta. Mesmo Pedro, que respondera corretamente, demonstrou não ter clareza de quem era Jesus ao reagir negativamente à revelação que Jesus lhes fizera sobre sua paixão, morte e ressurreição. É chamado de ‘Satanás’ pelo próprio Cristo por se colocar como obstáculo à missão de Jesus (Mc 8,33).

Esta incompreensão dos discípulos “não se refere à verdadeira personalidade de Jesus, mas a respeito do mistério de sua morte” (Bíblia de Jerusalém), ou seja, eles ainda não eram capazes de compreender o mistério da ressurreição por meio da qual o Messias venceria o mal e a morte.

Ao meditar esse evangelho, devemos trazer sempre presente a pergunta de Jesus: “para você, quem sou eu?”. Ela modifica nossa vida, desde que não se torne apenas um clichê ou um chavão que a gente repete sem consciência do quanto é profunda. 

Quando esteve em Belo Horizonte, em 1º de julho de 1980, São João Paulo II, falando aos jovens sobre esta passagem do evangelho, lembrou que não basta falar de Jesus repetindo o que outros disseram dele, mas que "é forçoso" cada um dizer o que pensa de Jesus. E acrescenta: “Os melhores amigos, seguidores, apóstolos de Cristo foram sempre aqueles que perceberam um dia dentro de si, a pergunta definitiva, incontornável, diante da qual todas as outras se tornam secundárias e derivativas: ‘Para você, quem sou eu?’. A vida, o destino, a história presente e futura de um jovem, depende da resposta nítida e sincera, sem retórica nem subterfúgios, que ele puder dar a esta pergunta” (01.07.1980). 

Diante da pergunta de Jesus, com o filósofo Kierkegaard rezamos: “Senhor Jesus, tu não vieste para ser servido, nem tampouco para ser admirado ou, simplesmente, adorado. Desejaste, somente, imitadores. Por isso, desperta-nos se estamos adormecidos nesta ilusão de querer admirar-te ou adorar-te, em vez de imitar-te e parecer-nos contigo”. Amém!

Comentários

  1. Na leitura tirada do livro do Gênesis. Somos aliados de Deus na construção do mundo, por isso devemos ser fiéis como ele é fiel à sua promessa .

    A profissão de fé de Pedro é também a dos discípulos, a da igreja e a de todos os que creem verdadeiramente nele: "tu és o Messias".

    Senhor, nos ajuda a servir a seu exemplo e não querer ser servido, nos ajude a ser um verdadeiro Cristo para os nossos irmãos e irmãs e ser seu verdadeiro imitador, e procurar conhecer de verdade os que convivi com agente, nos ensina a respeitar uns aos outros a aceita-los como você nos aceita, nos ajude a não querer obrigá-los as pensar com os nossos pensamentos, nos ajude a não machucar, a não excluir, nos ajude a compreender que você venho foi pra todos e todas. Assim como o Senhor olhou a terra do alto céu, olha pra nós também, e nos ajude a compreender que nem sempre estamos fazendo a sua vontade nos liberta dessa ilusão. Amém

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  2. Pai, revela-me a verdadeira identidade de Jesus, servo fiel, cuja vida esteve totalmente entregue em tuas mãos. E dá-me a graça de, como ele, ser fiel a ti.

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  3. Senhor... "desperta-nos se estamos adormecidos nesta ilusão de querer admirar-te ou adorar-te, em vez de imitar-te e parecer-nos contigo”. Amém!"


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