A Palavra se faz vida

Falar e praticar

Mt 23,1-12

Por Pe. Geraldo Martins

A força do testemunho está na coerência entre o falar e o fazer. Jesus reconhece a autoridade dos doutores da lei e dos fariseus na interpretação da Lei, mas reprova sua conduta pela incoerência entre o que ensinam e o que praticam. Sua prática religiosa é exterioridade e objetiva apenas chamar atenção sobre si mesmos, passando a impressão de zelosos praticantes da Lei.

O contratestemunho dos doutores da lei e fariseus, no entanto, não deve ser motivo para que alguém deixe de praticar a fé. Por isso Jesus vai dizer aos seus discípulos: “vocês devem fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imitem suas ações!” (Mt 23,3). E lhes dá a senha para o autêntico testemunho da fé: “o maior dentre vocês deve ser aquele que os serve. Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado” (Mt 23,11s).

A evangelização é sempre mais eficaz quando a vida de quem evangeliza fala por sua autenticidade e coerência. A graça de Deus, no entanto, supera o pecado e, por isso, não deixa de operar, mesmo quando o líder religioso escandaliza por um comportamento que contradiz o evangelho. Há muitos que usam desse pretexto para justificar sua ausência na comunidade de fé, numa atitude presunçosa, julgando-se melhores do que os outros.

Na vivência de nossa fé, a humildade é que deve nos guiar. Ela é que nos faz compreender que somos carentes do amor e da graça de Deus. Quanto mais temos consciência disso, tanto mais nos voltamos para Jesus Cristo, reconhecendo-o como nosso Mestre e Guia, que nos conduz ao Pai. As contradições humanas não deveriam nunca nos afastar da comunidade de fé, lugar privilegiado de manifestação do amor e da graça de Deus.

Ensinar mais pelo testemunho do que pelas palavras, reconhecer Jesus como Mestre e jamais se colocar como melhor do que os outros – somos todos irmãos -, vencer a tentação de se colocar como referência, como paradigma, esforçar-se por ser o menor e aquele que serve. “Nós, discípulos de Jesus, não devemos procurar títulos de honra, de autoridade ou de supremacia. (...) Somos todos irmãos e não devemos de maneira alguma subjugar os outros e olhar para eles de cima para baixo” (Papa Francisco, 5.11.2017). Eis o caminho que a Quaresma nos propõe se quisermos, verdadeiramente, celebrar a Páscoa que liberta e salva.

Senhor, faz-nos viver com coerência aquilo que ensinamos e pregamos. Livra-nos da autossuficiência que nos impede de reconhecer que somos todos irmãos e irmãs. Amém!

Comentários

  1. "Senhor, faz-nos viver com coerência aquilo que ensinamos e pregamos. Livra-nos da autossuficiência que nos impede de reconhecer que somos todos irmãos e irmãs. Amém!" 🙏

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  2. Não julgueis e não sereis julgados,não condeneis e não sereis condenados,pois devemos viver com coerência aquilo que ensinamos e pregamos.

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  3. Na leitura de hoje tirada do profeta Isaías. Somos convidados a prestar atenção e Ouvi os ensinamentos do nosso Deus. Seremos libertos do pecado se consentirmos em obedecer.

    Jesus aponta a seus discípulos duas falhas que devem evitar: a incorância e a vaidade. Incoerência de quem aumenta por sua conta as exigências do Evangelho. E a vaidade busca prestígio fama vantagens. Não importa saber que falha seja maior temos é de procurar evitar a todo custo este falso procedimento . A autenticidade será sempre exigida dos que se afirmam cristão.

    Senhor, nos faz viver com coerência os seus ensinamentos. Nos ajude a amar as tuas leis e seus conselhos e voltar para ti eu ouvir as palavras dos teus lábios. Que saibamos ti oferece um sacrifício de louvor.
    Nos ajude Senhor, a reconhecer que somos todos irmãos e irmãs. Amém


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