Atitudes de quem não crê

Lc 4,24-30

Por Pe. Geraldo Martins

A rejeição é sempre dolorosa. Quando, porém, parte de parentes e conterrâneos, a dor é ainda mais forte. Jesus passou por esse constrangimento e reconheceu que “nenhum profeta é bem recebido em sua pátria”, lembrando, inclusive, que passaram pela mesma experiência Elias (1Rs 17,9) e Eliseu (2Rs 5,14), grande referência de profetas para os judeus.

Por que rejeitam Jesus? Porque Ele se revelou um Messias amigo dos pobres e pecadores e não um Messias glorioso, ligado aos poderosos, decidido a tomar o poder, como muitos esperavam. Ali, na sinagoga, onde se encontrava, Jesus acabara de anunciar sua missão: evangelizar os pobres, libertar os presos, dar vista aos cegos, libertar os oprimidos e anunciar o ano da graça do Senhor (cf. Lc 4,18-19). A rejeição veio também por causa de sua origem: “não é este o filho de José?” (Lc 4,22). Não creram nele. É impossível que o Messias seja tão simples e pobre, despido de qualquer poder!

A rejeição fecha o coração das pessoas à graça de Deus que não se impõe a ninguém. Isso aconteceu com aqueles que seriam os primeiros destinatários da salvação trazida por Jesus, como vimos nesse fato narrado por São Lucas. Ao evocar a memória de Elias e Eliseu, Jesus mostra que a graça e o amor divinos são para aqueles que se abrem a Deus, ainda que estrangeiros e pagãos.

Na base da rejeição a Jesus está a falta de fé. Seus conterrâneos colocaram como condição para crer nele que fizesse algum milagre ali na sinagoga. São muitos os que condicionam sua fé a milagres. Dizem: - Se Deus curar minha mãe, prometo fazer isso e aquilo; - Se Deus me der essa graça da qual tanto necessito, cumprirei essa ou aquela promessa ou farei tal sacrifício. E quantos deixam de crer, abandonam a Igreja porque se decepcionam com Deus, como se isso fosse possível. Enquanto se fixam em sua própria vontade, não conseguem ver a vontade de Deus a seu respeito, por isso se decepcionam.

Deus se revela no simples, no pequeno, no humilde. E como estamos acostumados a acreditar somente naquilo que se mostra com poder e grandeza, nos frustramos. Deixemo-nos interpelar por Jesus e, ao invés de querer expulsá-lo por nos revelar a verdade sobre nós mesmos, como fizeram seus conterrâneos (Lc 4,29), convertamo-nos e o acolhamos tal como vem a nós, servindo-se dos simples e pobres.

Ó Pai, abre sempre mais nossos olhos para vermos com clareza o caminho da libertação apontado por teu Filho, nosso salvador. Concede-nos, a cada dia, o dom da verdadeira conversão. Amém!

Comentários

  1. A rejeição é sempre dolorosa.Quando parte de parentes e conterrâneos a dor é mais forte.Nenhum profeta é bem visto e aceito em sua pátria. Senhor concede- nós a cada dia o Dom da verdadeira conversão.

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  2. Na leitura de hoje tirada do segundo livro de Reis.
    A lepra talvez não seja mais que uma doença de pele, diferente da verdadeira lepra . Deus quer nos curar da lepra ante social e ter conosco uma relação especial de cura de libertação.

    Para seus conterrâneos de Nazaré Disse Jesus que não basta ser parente do Povo de Deus para ter garantida a salvação. Mesmo quem não é desse povo será colhido e preferido por Deus, se acolher seu enviado e aceitar sua palavra. Os nazarenos ficaram ofendidos e quiseram matá-lo tiveram porém, uma surpresa no momento decisivo, Jesus simplesmente passou entre eles e continuou o seu caminho, sem que nada lhe pudessem fazer.

    Senhor, abre os nossos olhos e nossos corações que nas horas das decepções , que agente continue a buscar com clareza o caminho da salvação da libertação, que a nossa alma tenha sede de Ti, que nossa alma tenha sede de Deus, nos envia vossa luz, vossa verdade. E nos conceda a cada dia o dom da conversão, nos ajude a ir aos altares do Senhor Deus da nossa alegria. Amém

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