A Palavra se faz vida

O milagre da partilha

Jo 6,1-15

Por Pe. Geraldo Martins

Na multiplicação dos pães que realiza, Jesus revela a sensibilidade própria de quem é movido pela compaixão. Antevendo a necessidade da multidão que o acompanha, Ele se antecipa ao problema e, sem que lhe seja solicitado, busca a solução para a fome do povo que recorre aos seus ensinamentos. Abrindo mão dos cinco pães e dois peixes que trazia consigo, uma criança dá a Jesus a oportunidade de mostrar que a partilha é o verdadeiro milagre que sacia a fome da multidão.

O gesto de Jesus nos remete a Eliseu que recebe apenas vinte pães de cevada e manda distribuí-los para o povo que estava com fome. A distribuição foi feita e ainda sobrou pão (cf. 2Rs 4,42-44). Por seu gesto, Jesus é visto como o profeta que Deus prometera enviar (Jo 6,14). É comparado, então, a Moisés conforme a promessa de Deus em Deuteronômio: “vou suscitar para eles um profeta como tu” (Dt 18,18), diz Deus a Moisés.

A multiplicação dos pães é também antecipação do banquete eucarístico em torno do qual todos são convidados a sentar-se. Ele toma os pães e os peixes, dá graças e os distribui à multidão que se organiza, sentando-se na grama. O banquete oferecido por Jesus sacia a todos e dele ninguém sai com fome.

Impossível não ler a multiplicação dos pães como apelo à caridade que reclama solidariedade e partilha, único caminho que garante vida e justiça aos milhões de pobres e excluídos que passam fome no Brasil e no mundo. Se, porém, não formos capazes de, como Jesus, “levantar os olhos” e nos perguntar “onde conseguir pão para que todos comam” (cf. Jo 6,5), a multidão dos famintos continuará em sua invisibilidade e a morte deixará de ser ameaça para se tornar certeza como, aliás, já é em muitos lugares.

É verdade que os gestos de solidariedade têm se multiplicado nesse tempo da pandemia e de guerras. Na maioria das vezes, são pobres ajudando os pobres. O fim da fome e da pobreza, no entanto, passa também por políticas públicas que priorizem aqueles que o capitalismo explora sem dó nem piedade. Enquanto formos governados por uma política que se rende à economia de mercado que faz do lucro sua divindade, os pobres estarão com sua vida e dignidade ameaçadas.

Lembremo-nos: “reconhecer nos pobres o direito de receber o pão da vida significa comprometer-se com as exigências do amor e traduzir em escala mundial a obra empreendida por Cristo” (Missal Cotidiano).

Senhor, desperta em nós a compaixão que nos faz solidários com os pobres e nos compromete com a luta pela erradicação da fome e da miséria no mundo. Amém!

Comentários

  1. A partilha é o verdadeiro milagre que sacia a fome da multidão!Jesus é o Pão vivo descido do céu.

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  2. O senhor resgata-nos de todas as aflições e Sofrimentos, pelo seu amor e pela sua misericórdia. Seu desejo é que sejamos de fato um povo unido e forte, que o ama com toda sinceridade. Quer que habitamos junto dele. Desconcertam-nos em nossas atitudes, muitas vezes egoístas, a atitude de Jesus que teve compaixão da multidão, e a do menino, que oferece o pouco que tem dois peixes e cinco Pães. Verdadeiro povo de Deus é o que reparte o que tem e não o que diz amar, mas retém para si o que possui. Cristo, em suas atitudes de misericórdia e compaixão nos desconcerta em nossos gestos mesquinhos e egoístas. Desconcerta-nos a atitude do menino que tendo apenas dois peixes e cinco pães, os oferece à multidão. Os egoístas, porém, quanto mais possui mais desejo. Chegará dia em que dois dois peixes e cinco pães serão suficiente para saciar uma multidão, pois aprendemos todos a viver decididamente como irmãos e irmãs.

    Leitura dos Atos dos Apóstolos. Para os que sabem em quem acreditar não há medo algum. Felizes, mesmo no sofrimento, os Apóstolo continuo a anunciar a Boa Nova da Vida em plenitude.

    Senhor, desperta em nós a compaixão que nos faz solidários. Nós te pedimos apenas uma coisa habitar no seu santuário, santuário da luz, da salvação, da solidariedade, sem medo de anunciar a Boa Nova de ir a luta verdadeira contra a fome e a miséria no mundo. Amém

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