A Palavra se faz vida

Cumprir a Lei

Mt 5,17-19

Por Pe. Geraldo Martins

A Lei e os Profetas são a síntese do Antigo Testamento. Ao afirmar que não veio revogá-los, mas dar-lhes pleno cumprimento, Jesus mostra a continuidade do Antigo Testamento no Novo, inaugurado por Ele. Esse “pleno cumprimento” significará a libertação do legalismo em que, com o tempo, foi se transformando a prática da religião.

Em Jesus, cumprem-se todas as promessas do Antigo Testamento, por isso, Ele vai dizer que “nenhuma uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo se cumpra” (Mt 5,18). Mais que isso, confirma que grande no Reino será aquele que viver autenticamente a Lei, ensinando-a a partir da coerência entre o que diz e faz (cf. Mt 5,19), condenando, assim, a hipocrisia dos que defendiam e ensinavam a Lei, mas não a praticavam.

Diante da lei, das normas e regras, há dois extremos a evitar: o rigorismo e o laxismo. O primeiro é o caminho daqueles que têm a consciência escrupulosa. Tudo é pecado e coloca em risco a salvação. São conduzidos mais pelo medo que pela confiança em Deus. Sofrem e fazem os outros sofrerem e, muitas vezes, colocam-se como juízes implacáveis a cuidar mais da vida dos outros que da própria vida. Isso é um perigo!

O segundo são as veredas dos que defendem a falsa liberdade do ‘tudo pode’ como se nada tivesse consequência em sua vida. Para esses, nada é pecado. São os adeptos de um subjetivismo que os faz referência para si mesmos. Tendem a moldar Deus à sua maneira de ser e acham que o conseguem. Isso também é um perigo!

Jesus ensina que a Lei, para ser plenamente cumprida, necessita da misericórdia, da justiça e da liberdade. Do contrário, vira legalismo e, ao invés de libertar e gerar vida, oprime e mata. Alerta-nos o Papa Francisco que “muitas vezes agimos como controladores da graça e não como facilitadores. Mas a Igreja não é uma alfândega; é a casa paterna, onde há lugar para todos com a sua vida fadigosa” (EG, 47). Ensina que “o apelo à observância da lei não pode obstaculizar a atenção às necessidades que afetam a dignidade das pessoas” (MV, 20).

Para Jesus, o cumprimento da lei “é exigência e decorrência de sua relação com o seu autor, o Pai. Por detrás da lei, que proíbe o que conduz à morte, está o Senhor, que dá a vida e ressuscita dos mortos. Por detrás da palavra que condena o agressor, está o Pai que o perdoa movido pela misericórdia” (Liturgia Diária O Pão Nosso de Cada Dia – 2022). E nós, como cumprimos a lei?

Ó Pai, sabemos que tua Lei é a verdade. Faze que a cumpramos na liberdade com que nos criaste para alcançarmos a libertação que nos mereceste em teu Filho Jesus. Amém!

Comentários

  1. A lei do senhor é perfeita, sabedoria do humildes e seus pensamentos são retos, conforto para a alma de quem o busca na sinceridade de coração e não prejudica o irmão.

    ResponderExcluir
  2. leitura da segunda carta de São Paulo aos Coríntios. O espírito nos dá força para praticar o bem; mas às vezes nos limitamos em não fazer o mal e deixamos de fazer o bem que podemos fazer.

    A porta para entrar no Reino é a fidelidade, porque assim foi Jesus: fiel até o fim, e bem- aventurados serão todos os que
    a praticam.

    Senhor, nos ajude a viver a verdade, fazei que cumpramos a vossa lei com a liberdade da verdade na liberdade com que nos criaste, e nos ajude alcançar a nossa libertação que merecemos. Amém

    ResponderExcluir

Postar um comentário