A Palavra se faz vida

Amar o inimigo: é possível?

Mt 5,43-48

Por Pe. Geraldo Martins

Uma das páginas mais exigentes do Evangelho é esta em que Jesus nos manda amar os nossos inimigos e rezar pelos que nos perseguem (cf. Mt 5,44). Como é difícil viver essa palavra! Quando sofremos alguma injustiça ou violência, tendemos, naturalmente, partir para o revide. Nessa hora, o amor parece esconder-se, dando lugar a sentimentos como o ódio, a vingança, a desforra. Se nos deixamos dominar por esses sentimentos, distanciamo-nos de Deus.

Tornamo-nos filhos e filhas de Deus não quando o chamamos de Pai, mas quando agimos como Ele e o imitamos na prática da misericórdia e da bondade para com todos – “os bons e maus, justos e injustos” (cf Mt 5,45). Alcançamos a santidade e a perfeição a que somos vocacionados – “sejam perfeitos como o Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48) – à medida que nos deixamos guiar pelo amor aos inimigos.

O amor ao inimigo não se traduz, propriamente, como sentimento ou paixão, mas, antes, como prática do bem, serviço gratuito, partilha generosa. É assim que imitamos o amor do Pai “que é tão absolutamente gratuito que dá vertigem” (Missal cotidiano). Uma tal prática de amor só pode vir de um coração habitado pela ternura e bondade. E este deve ser nosso apostolado, como dizia o São Carlos de Foucauld:

“Minha missão deve ser o apostolado da bondade. Ao me verem, deverão dizer ‘Já que este homem é tão bom, também sua religião deve ser boa’. Se alguém me perguntar por que eu sou manso e bom, deverei responder: ‘Porque eu sou servidor de um outro que é muito melhor do que eu. Se soubesse como é bom o meu Mestre Jesus!’. Quero ser tão bom que possam dizer de mim: ‘Se o servidor é assim, como não será o Mestre!’”.

Somos verdadeiramente livres quando nos deixamos guiar pelo amor na sua forma extrema como ensina o Evangelho. Dizia Martin Luther King: “O amor é a única força capaz de transformar um inimigo em amigo”. Quem são nossos inimigos? Quem são nossos perseguidores? Para eles nosso amor e nossa oração.

Ó Cristo, quebra nossa resistência de amar os inimigos como nos ordenas e, por meio de teu Espírito, derrama em nossos corações o verdadeiro amor que vence o ódio e todo desejo de vingança a quem nos faz o mal. Amém!

Comentários

  1. Leitura da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios. Nossa solidariedade e nossa caridade não podem ser apenas dar alguma coisa que possuímos, mas darmo-nos também, pois assim fez o Cristo para conosco.

    Como filhos de Deus devemos nos aproximar daqueles que estão longe de nós, de nossa convivência, pois é assim o jeito que Deus age conosco: Ele nos ama.

    Senhor, quebra nossa resistência de amar os nossos inimigos como nós pedi, como nos dá exemplo, por meio da teu Espírito Santo. Nos ajude a buscar o auxílio em ti meu Deus, a colocar nossa esperança em ti, e espera a tua justiça quando somos oprimidos, excluídos, vem e nos alimenta, nos liberta do cativeiro do não perdão. E derrama em nossos corações o verdadeiro amor. Amém

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  2. Deus é a fonte de toda a bondade, Ele ama a todos, bons e maus e por isso é Nele que devemos nos espelhar.

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  3. O Evangelho de hoje, Jesus nos chama a amar os inimigos.Se a gente não ama a gente mesmo como é possível dizer que amamos a Deus que não vemos e aos irmãos ou irmãs que muitas vezes nos perseguem?

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