A Palavra se faz vida

Ouvir com o coração

Lc 2,41-51

Por Pe. Geraldo Martins

É difícil imaginar como José e Maria não notaram, imediatamente, a ausência de seu filho adolescente quando voltavam da festa da Pascoa da qual haviam participado em Jerusalém. Só o perceberam após um dia de caminhada. Lucas não registra se ambos discutiram como isso foi acontecer ou de quem teria sido a "culpa" pelo ocorrido. Fala, porém, que voltaram a Jerusalém e só encontraram o filho após três dias de intensa procura angustiada. 

Na cena do encontro, chama atenção o diálogo da mãe com o filho. José, silencioso, acompanha tudo, má é Maria quem toma a iniciativa. Primeiro, pergunta a razão da atitude do filho – “Por que agiste assim conosco?” (Lc 2,48). Em seguida, fala do sentimento que os invadiu quando se deram conta da ausência do menino Jesus na caravana - “teu pai e eu estávamos, angustiados, à tua procura” (Lc 2,48). Podemos imaginar o tom com que Maria dissera essas palavras. Vindas de seu imaculado coração, certamente, eram emolduradas de ternura, carinho e amor, sem pré-julgamentos como, quase sempre, ocorre conosco quando vivemos situações semelhantes.

A resposta de Jesus não parece esclarecer os fatos. São duas perguntas que deixam José e Maria sem entender – “Por que me procuravam? Não sabem que devo estar na casa de meu Pai?” (Lc 2,49). Apesar disso, não há conflito entre eles. Jesus, obediente, volta com os pais para Nazaré. E Maria, sem entender muito, “conservava no coração todas estas coisas” (Lc 2,51).

A atitude de Maria revela-nos o profundo de seu imaculado coração cuja festa celebramos hoje. Quando não compreende os desígnios de Deus, conserva-os no coração. Este é o lugar onde devemos guardar os mistérios divinos a fim meditá-los e rezá-los. Muitas vezes, a razão de nossos estresses encontra-se na nossa incapacidade de imitar esta virtude de Maria que nos ensina a ouvir com o coração. Se meditássemos mais sobre os fatos que nos acontecem antes de emitir juízos e opiniões sobre eles, certamente, evitaríamos divisões e atritos, seja no ambiente familiar, seja nas nossas relações sociais e comunitárias.

Maria, mãe querida, dá-nos um coração capaz de escutar a voz de Deus que nos fala no cotidiano de nossa vida. Purifica nosso coração para que seja imaculado como o teu e, assim, acolha a todos como irmãos e irmãs a quem devemos amar e servir. Amém!

Comentários

  1. Deus escolheu Maria desde toda a eternidade, e a fez Imaculada Conceição, para pôr em prática seu plano eterno de amor. Assim o pai construiu essa Catedral iluminada, Maria, para que seu Filho pudesse habitar entre nós. Celebrar, pois, Imaculado Coração de Maria é celebrar a certeza de um Deus que está sempre disposto a nos amar e a nos oferecer vida, redenção e perdão. Sejamos, pois, sempre agradecidos ao Senhor.
    Jesus foi escola do templo e na discussão com os doutores escutava e fazia perguntas e os assombra com a inteligência de suas respostas.

    Leitura do livro do profeta Isaías. Pouco a pouco os profetas vão anunciando ao povo de Israel a esperança da vinda do Redentor, que se realizará no Novo Testamento, a começar por Maria.

    Maria, mãe amada dai-nos um coração capaz de escutar a voz de Deus. Amém

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  2. A perca Jesus no templo não foi por acaso. Ele sabia que precisava anunciar as coisas de seu Pai.

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