A Palavra se faz vida

Produzir frutos

Mc 11,11-26

Por Pe. Geraldo Martins

Em Jerusalém, Jesus cumpre sua missão de purificar as práticas religiosas que não conduzem a Deus. Em dois episódios Ele mostra como proceder de forma a agradar a Deus. No primeiro, ele amaldiçoa uma figueira que, coberta de folhas, não produzia frutos. Um recado duro ao povo de Israel, comparado com a figueira, por não produzir os frutos esperados por Deus, não obstante os constantes cuidados dele recebidos. Jesus não admite uma comunidade estéril, que viva de aparências, de exterioridades. 

No segundo episódio, Jesus está no Templo, centro da vida de Israel. Corrompido pelo sistema, o Templo deixou de ser mediação do encontro das pessoas com Deus para se tornar lugar da perdição, da exploração, da exclusão, da corrupção. De forma corajosa e profética, Jesus resgata o sentido original do Templo que é ser “casa de oração para todos os povos” (cf. Mc 11,17). Observe-se o detalhe: para todos os povos. A salvação que Jesus traz é universal. 

A ira dos sumos sacerdotes e dos doutores da lei, que estudam uma maneira de eliminar Jesus, é reação própria de quem é desmascarado e ameaçado em seu poder.

De volta ao episódio da figueira, quando os discípulos veem que está seca, Jesus ensina três práticas que se interpenetram e que devem marcar a vida de seus discípulos: a fé, a oração e o perdão. A primeira nos faz acreditar que Deus sempre nos ouve – “tenham fé em Deus” (Mc 11,22); a segunda, sustentada pela primeira, nos faz apresentar a Deus aquilo de que necessitamos. Quanto mais a oração resulta da fé, tanto mais é certo que Deus atende – “tudo o que pedirem na oração, acreditem que já o receberam, e assim será” (Mc 11,24). A terceira é condição para se alcançar a graça da vida nova em Deus – perdoar para ser perdoado (cf. Mc 11,26). Perdoar e ser perdoado é proprio de quem crê e reza.

Diante desta palavra, somos convidados a voltar nosso olhar para nossas comunidades e averiguar até que ponto elas se parecem com a figueira condenada por Jesus – carregada de folhas, mas sem frutos; cheias de atividades pastorais, porém, incapazes de transformar a realidade. Faz lembrar comunidades que têm excesso de preocupação com a estética, sobretudo, em suas liturgias, com organização impecável, mas ignoram o compromisso com a justiça social, com a fraternidade universal, com a inclusão dos descartados.

Contribuímos para a conversão de nossas comunidades quando nos deixamos conduzir por uma fé viva, verdadeira, autêntica, alimentada por uma oração fervorosa que nos leva a perdoar nossos irmãos e irmãs, condição para também recebermos o perdão. Deus, com sua graça e misericórdia, nos livre da incredulidade, da indiferença e da omissão que nos fazem estéreis e nos impedem de produzir os frutos que Jesus espera de nós.

Senhor, olha por nós e por nossas comunidades a fim de que produzamos frutos de conversão que nasce da fé e da oração. Amém!

Comentários

  1. Senhor, olha para nós para quê possamos produzir frutos de conversão, que nasce da fé e da oração 🙏🙏🙏

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  2. Mesmo mundo num desenvolvido, com muitos recursos e técnicas para o bem da humanidade, vemos ainda reinar a mentalidade que persegue, exclui, fere e mata o irmão. Existem muitos cristãos perseguidos em nosso mundo, principalmente onde ainda não foi plantada a semente do Evangelho de Cristo. Unidos como Cristão na oração e na mesma fé.
    Não viemos por acaso a este mundo. Deus espera que nossos dons sejam colocados a favor dos outros, e nos tornemos uma entre "figueira" que dá frutos bons.

    No livro do Eclesiástico leitura de hoje. Homens de Piedade e retidão deixaram suas marcas na história humana e Suas Obras são sempre lembradas; enquanto de outros nada sobrou.

    Senhor, que todos nós possamos manifestar nossa fé legítima, sem agredir a do outro, olha por nós e por nossas comunidades a fim de que produzamos bons frutos de conversão que nasce da fé e da oração. obrigado por amar o seu povo de verdade. Amém

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