A Palavra se faz vida

Misericórdia e não sacrifício

Mt 12,1-8

Por Pe. Geraldo Martins

Diante das leis e normas as atitudes podem variar entre rigorismo e laxismo, que conduzem, respectivamente, a escrúpulos e relativismos. Nenhum desses caminhos é bom. O que deve prevalecer é a reta interpretação das leis e normas em vista do bem maior que é a vida.

O rigorismo dos fariseus os leva a censurar os discípulos de Jesus que colhiam espigas no sábado para matar a fome, violando, assim, a lei que proibia tal prática em dia de sábado por caracterizar um trabalho agrícola, sobretudo, se usassem uma ferramenta. Jesus os corrige citando Davi que, impunemente, também violara o sábado ao dar de comer aos seus homens pães consagrados que só os sacerdotes podiam comer (cf 1Sm 21,2-7). Jesus é maior que Davi e, por isso, tem toda autoridade para liberar seus discípulos do jugo da lei.

A lição dada por Jesus é esta: o que vale é a misericórdia e não sacrifícios (rituais) vazios que mascaram o interior de cada um. Aqui Jesus retoma o profeta Oseias que chamava a atenção do povo ao dizer exatamente isso “é a misericórdia que eu desejo e não sacrifício ritual, conhecimento de Deus mais que holocaustos” (Os 6,6).

A misericórdia lembrada pelo profeta e citada por Jesus significa “a lealdade de um coração que reconhece os próprios pecados, que se arrepende e volta a ser fiel à aliança com Deus” (Papa Francisco, 13.4.2016)

Como temos dificuldade em assimilar esta lição de Jesus! Como os fariseus, muitas vezes, nos colocamos como vigias e juízes de nossos irmãos e irmãs, julgando sua prática contrária à doutrina e à lei, incapazes de ver como praticam a misericórdia. Esta é que Deus vai cobrar de cada um de nós. Sem ela, de nada valem nossos cultos e louvores. 

Senhor, converte nosso coração e faz-nos praticantes da misericórdia mais que do sacrifício a fim de vivermos segundo tua lei que liberta e salva. Amém!