A Palavra se faz vida

O encontro que transforma

Jo 1,45-51

Por Pe. Geraldo Martins

A Igreja celebra, hoje, a festa do apóstolo São Bartolomeu. Pouco se sabe a seu respeito e sobre sua atividade missionária. É identificado como Natanael, que Filipe leva até Jesus. A tradição diz que teria exercido seu apostolado na Índia e que sofrera o martírio por esfolamento.

A fé nasce do encontro pessoal com Jesus Cristo e, quase sempre, através de alguma mediação. Filipe, encontrando-se com Natanael, comunica-lhe a boa noticia – “encontramos aquele de quem Moisés escreveu na Lei, e também os profetas: Jesus de Nazaré, o filho de José” (Jo 1,45). A resposta de Natanael é desalentadora e vem de um coração incrédulo: “De Nazaré pode sair coisa boa?” (Jo 1,46). Preconceito? Discriminação? Desdém? 

A incredulidade de Natanael dá lugar à fé no exato momento em que experimenta a verdade sobre si revelada por Jesus: “Eis um israelita verdadeiro... Antes que Filipe chamasse você, enquanto estava debaixo da figueira, eu o vi” (cf. Jo 1,47s). 

Comenta Bento XVI: “Não sabemos o que aconteceu sob esta figueira. É evidente que se trata de um momento decisivo na vida de Natanael. Ele se sente comovido com estas palavras de Jesus, sente-se compreendido e compreende:  este homem sabe tudo de mim, Ele sabe e conhece o caminho da vida, a este homem posso realmente confiar-me” (4.10.2006). Nossa conversão começa quando nos convencemos que Deus sabe tudo sobre nós!

A resposta de Natanael, diante disso, é sua profissão de fé: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel” (Jo 1,49). Nesta resposta, continua Bento XVI, “é dado um primeiro e importante passo no percurso de adesão a Jesus. As palavras de Natanael ressaltam um aspecto duplo e complementar da identidade de Jesus:  Ele é reconhecido quer na sua relação especial com Deus Pai, do qual é Filho unigênito, quer na relação com o povo de Israel, do qual é proclamado rei, qualificação própria do Messias esperado” (4.10.2006).

Passar da incredulidade à profissão de fé é um passo que só podemos dar quando nos dispomos a “ir ver” Jesus. Nesse encontro, Jesus revela que nos conhece e se revela como autêntico filho de Deus, encarnado na história humana. Reconhecê-lo nesta dupla verdade é condição para nossa adesão a Ele. Desta adesão nasce nossa missão de ser ponte que leva as pessoas a fazerem a mesma experiência do encontro pessoal com Jesus que faz nascer em seu coração a fé que liberta e salva.

Ó Pai, concede-nos o dom da fé para que, no encontro com teu Filho, tenhamos dele a revelação de quem somos nós. Amém!