A Palavra se faz vida

 Admiração e fé

Mt 13,54-58

Por Pe. Geraldo Martins

Este texto de Mateus nos mostra que há duas coisas distintas: admiração e fé. Mais que isso, revela que a admiração não leva, necessariamente, à fé. Que coisa interessante! Os conterrâneos de Jesus o admiram, reconhecem sua sabedoria e os milagres que fazia, mas não acreditam nele. Sua admiração se transforma não em fé, mas em escândalo – “e ficaram escandalizados por causa dele” (Mt 13,57) e, portanto, em incredulidade. Por quê? Por causa de sua origem!

Deus não age onde é rejeitado. Ele não força as pessoas a crerem nele. Não é próprio de Deus impor-se às pessoas. Sua grandeza está nisso: respeitar sua criatura que o renega e o rejeita. Por causa disso, Jesus não faz muitos milagres em sua terra. A fé é condicionante para que isso se dê – “e Jesus não fez ali muitos milagres, porque eles não tinham fé” (Mt 13,58).

Vejamos que o princípio de tudo é a fé, é o acreditar, não a admiração. Só a fé torna Deus presente. Por meio dela Deus vem ao nosso encontro e realiza seus sinais. Para crer, no entanto, não podemos nos ater ao que é grandioso, espetacular, fantástico. Deus se revela na simplicidade. Em Jesus, Deus se mostra simples e é assim que devemos acolhê-lo.

Vivemos situações semelhantes à do evangelho em várias ocasiões. Por exemplo, nas comunidades eclesiais, muitos irmãos e irmãs têm dificuldade de aceitar a liderança dos leigos e leigas dirigindo a Celebração da Palavra, as exéquias ou outro serviço eclesial. Como os conterrâneos de Jesus, ficam escandalizados por serem “tão simples, sem a mesma formação do padre, uma pessoa comum, do povo”... No mundo da política não é muito diferente. Deixam de votar em alguém por ser simples, em alguém identificado com a comunidade, de origem simples e pobre, para eleger um grande, um notável, um famoso e logo vem a decepção...

Ó Deus, faze que nossa admiração por Jesus nos conduza à verdadeira fé a fim de sermos agraciados com seus milagres que nos comunicam a vida e a libertação. Amém!