A Palavra se faz vida

Guardados por Deus

Mt 18,1-5.10

Por Pe. Geraldo Martins 

Na memória dos Santos Anjos da Guarda, celebrada hoje, a liturgia propõe para nossa reflexão este texto de Mateus que nos apresenta os discípulos conversando sobre quem é o maior no Reino dos Céus. Eis aí uma questão extremamente humana com a qual nos deparamos sempre: saber quem é o maior, o mais importante, o primeiro. E, quase sempre, isso leva a disputas e a concorrências que fazem as pessoas esquecerem-se de valores como a solidariedade, a partilha, a fraternidade, a comunhão.

À dúvida dos discípulos Jesus responde de forma surpreendente, invertendo a lógica de seu pensamento. Toma uma criança como referência para mostrar que, no Reino dos Céus, o pequeno é que é o maior. E recomenda: “Não desprezem nenhum desses pequeninos” (Mt 18,10).

Por que uma criança? Vejo, pelo menos, duas razões. A primeira é sua total dependência do adulto. A segunda é sua condição social na época de Jesus, qual seja, abandono, pobreza e vulnerabilidade. Por isso são “pequeninos”.

Para ser grande no Reino de Deus é necessário converter-se, isto é, deixar a presunção, a autossuficiência e abandonar-se totalmente nas mãos de Deus por meio de uma vida simples, humilde, desapegada. Ao se identificar com uma criança, Jesus aponta para o ideal de todo aquele que quer ser seu discípulo: fazer-se pequeno, vencendo a tentação de ser grande segundo a lógica da sociedade.

Chama atenção também, na resposta de Jesus, a referência que faz aos anjos como os protetores dos pequeninos (Mt 18,10). Ele confirma, assim, que Deus não abandona os que são desprezados e esquecidos pela sociedade. Os anjos, seus mensageiros, são garantia de sua presença e proteção junto aos mais frágeis e desconsiderados com os quais Jesus se identifica – “quem recebe em meu nome uma criança como esta, é a mim que recebe” (Mt 18,5).

Vemos crescer o número de irmãos e irmãs que sofrem por causa do sistema que produz pobreza e miséria. É cada vez maior o número dos que sofrem violência, discriminação e preconceito. Junto desses irmãos e irmãs, sejamos como anjos a defender e a proteger sua vida, identificando-nos com sua luta, fazendo-nos um deles.

Ó Pai, dá-nos a graça da conversão a fim de que, tornando-nos pequeninos como as crianças, por tua misericórdia, participemos um dia de teu Reino. Amém.

Comentários

  1. Santos Anjos da guarda, guardai- nós sempre para que possamos trabalhar na construção do Reino de Deus no aqui e agora.

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  2. Na história da salvação, Deus confiou aos Anjos o encargo de proteger seus escolhidos. Os Atos dos Apóstolos narra que Pedro foi libertado da cadeia por seu Anjo. Jesus nos disse claramente que, para a defesa dos pequeninos, os Anjos deles vêem sempre a face do Pai que está nos céus. Eles são Mensageiros de Deus, como o foi o Anjo Gabriel que falou com Zacarias no templo e com Maria em Nazaré.

    Leitura do livro do Êxodo. Os anjos nos acompanham porque são mensageiros divinos e nos protegem no cumprimento da missão: "Vou enviar um anjo que vá à tua frente".

    Jesus mostra um novo caminho aos discípulos. O importante no Reino é fazer -se pobre, simples, confiante, sem pretensões como uma criança.

    Senhor, converte-nos, dai-nos um coração simples como de uma criança, dai-nos a tua graça e tua misericórdia para um dia podermos participar do teu Reino. Amém

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