A Palavra se faz vida

Condição para se salvar

Lc 13,22-30

Pe. Geraldo Martins

A curiosidade dos discípulos de Jesus, apresentada por Lucas no evangelho de hoje (Lc 13,22-30), certamente, é compartilhada por muitos de nós, afinal, é grande a curiosidade sobre o número dos que se salvam e, consequentemente, dos que se condenam. 

Sem responder diretamente à pergunta que lhe foi dirigida – “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” (Lc 13,23) -, Jesus deixa claras duas coisas. A primeira é que a salvação é universal e está ao alcance de todos. A segunda mostra que a condição para entrar no Reino é passar pela porta estreita.

Diante de sua resposta, a pergunta, agora, é outra. O que é a porta estreita? Muitos poderão entendê-la como sendo o sofrimento que acompanha uma pessoa há muito tempo ou os sacrifícios que alguém faz ou mesmo as dificuldades enfrentadas ao longo da vida. Tudo isso pode, sim, caracterizar a porta estreita. Contudo, Jesus parece indicar outra porta estreita.

 Em Jo 10,7, Ele afirma: “Eu sou a porta”. Assim, passam pela porta estreita os que se fazem seguidores de Jesus e trilham o mesmo caminho que Ele. A estreiteza da porta não é para dificultar ou impedir a passagem de quem quer que seja. Significa que somente por meio de uma decidida opção se passa por ela. Essa opção implica assumir na própria vida o projeto de Jesus que, muitas vezes, vai na contramão do que propõe a sociedade.

Passar pela porta estreita significa, portanto, fazer uma clara opção pelos pobres, como fez Jesus que, sendo rico, tornou-se pobre para nos enriquecer com sua pobreza (cf. 1Cor 8,9). Não passam pela porta estreita os que ignoram o mandamento do amor que se traduz na entrega serviçal ao outro a partir de sua necessidade. Muitas vezes queremos fazer caridade a partir de nossas medidas e não da necessidade do outro. O verdadeiro amor responde à carência do necessitado. Isso exige nossa conversão diária. É a porta estreita pela qual nem todos passam.

 A defesa da vida, em todas as suas expressões, também é porta estreita. Rejeitam passar por ela os que se mostram indiferentes às constantes agressões que a vida sofre com a fome, a violência, o desemprego, a falta de moradia, o aborto, a homofobia, a intolerância e tantas outras situações que ferem a dignidade humana. O mesmo se pode dizer quando se ignora o cuidado com a Casa Comum, nossa Mãe Terra. 

A busca da justiça e o compromisso com a ética são, igualmente, porta estreita pela qual devem passar todos que sonham sentar-se à mesa do banquete no Reino de Deus. A sentença para quem trilha outro caminho é clara: “afastem-se de mim todos vocês que praticam a injustiça” (Lc 13,27). Afirmar-se cristão não é suficiente para entrar no reino. Assim, compreendemos as palavras de Jesus: “Há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos” (Lc 13,30)

Senhor, livra-nos da presunção de achar que já pertencemos ao grupo dos salvos. Não permitas que seja para nós a sentença de Jesus: “não sei de onde vocês são” (Lc 13,25). Faz-nos verdadeiramente discípulos e discípulas de teu Filho, porta que nos conduz ao reino. Amém!

Comentários

  1. Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos.
    Deus nos ama e seu amor é mais forte que a morte, mais forte que a vida e é o Espírito Santo quem dá sentido às nossas pobres preces.
    A Porta Estreita de que nos fala Jesus é para nos ensinar que é preciso esforço de nossa parte para que Alcancemos a salvação.
    A salvação decorre do encontro de nosso esforço humano com dom infinito da misericórdia de Deus.

    Senhor, Livra-nos da pretensão de acharmos que já estamos salvos, faz nos verdadeiros discípulos e discípulas de teu Filho. Nos conduz que não nos falte esforços para te honrar. Amém

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