A Palavra se faz vida

Astúcia cristã

Lc 16,1-8

Por Pe. Geraldo Martins

Esta passagem de São Lucas nos assusta porque, aparentemente, Jesus elogia uma conduta reprovável: a esperteza da qual origina a corrupção, tão presente em nossa sociedade. Os corruptos são astutos, lembra o papa Francisco, e sabem agir “com gentileza, com luvas de seda”, de forma que ninguém desconfia (Papa Francisco - 10.11.2017). Um cristão jamais pode compactuar com a corrupção, filha da astúcia e da esperteza de quem busca benefício próprio, usando caminhos antiéticos e imorais.

O administrador infiel, acusado de esbanjar os bens de seu senhor (cf. Lc 16,2), “é sem dúvida um desonesto, mas astuto: o Evangelho não o apresenta a nós como modelo para seguir na sua desonestidade, mas como um exemplo a ser imitado pela sua habilidade previdente. De fato, a breve parábola concluiu-se com estas palavras: ‘O senhor elogiou o administrador desonesto por ter procedido prudentemente (Lc 16, 8)” (Bento XVI, 23.9.2007).

Importante salientar que esta passagem precisa ser lida também no contexto de todo o capítulo 16 de Lucas, que condena a avareza, isto é, a busca desenfreada pelo dinheiro.  “À parábola do administrador infiel, o evangelista faz seguir uma breve série de afirmações e de advertências sobre a relação que devemos ter com o dinheiro e com os bens desta terra. São pequenas frases que convidam a uma opção que pressupõe uma decisão radical, uma constante tensão interior. Na realidade, a vida é sempre uma opção: entre honestidade e desonestidade, entre fidelidade e infidelidade, entre egoísmo e altruísmo, entre bem e mal” (Bento XVI, 23.9.2007). Como nos colocamos diante destas tensões interiores?

Esta parábola nos mostra, então, que Jesus se serve de alguém que usa a esperteza em proveito próprio para ensinar que “os filhos da luz”, ou seja, seus discípulos, devem usar a esperteza para o bem. Essa esperteza passa longe de práticas antiéticas e imorais. O trabalho em favor do Reino exige planejamento e criatividade a fim de vencer as armadilhas do mundo. Somos administradores de dons que não nos pertencem. Isso exige fidelidade, do contrário, seremos destituídos de nossa função. Essa fidelidade supõe criatividade e prudência para superar o que se opõe aos valores do Reino.

Senhor, livra-nos de toda prática que contrarie o Evangelho. Dá-nos a verdadeira astúcia que nos conduz ao teu Reino que Jesus mostrou presente entre nós.

Comentários

  1. Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos.
    Fui feito ministro de Cristo entre os pagãos para que os pagãos se tornem uma oferenda bem aceite.
    O apóstolo, ao gloriar-se de seu trabalho apostólico, não está faltando a humildade, pois é verdadeiramente um instrumento nas mãos de Deus.

    É Preciso confrontarmos com a realidade dos homens e de suas atitudes neste mundo, e, mesmo tendo a singeleza da pomba, jamais perder a firmeza na opção pelo Reino.
    Os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz. É necessário ser decidido no segmento de Jesus: "quem não perder a vida para ganha-la", não pode acompanhá-lo. Isso é ser "esperto fechar" conforme o evangelho.
    É preciso assumir nossa missão de Cristão com toda intensidade, pois o tempo de Deus chama-se agora, pois hoje é o momento da salvação.

    Senhor, nos ajude a sermos administradores autênticos do Reino Deus, sabendo distinguir hoje o que é Dele e o que é do mundo. Dai-nos a verdadeira astúcia que nos conduz ao teu Reino que Jesus mostrou presente nós. Amém

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  2. Senhor ensina - nós a não querer passar os outros os trás usando nossa esperteza que não condiz com os planos de Deus.

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