Olhar com o coração, agir com liberdade

Terça-feira da 2ª Semana do Tempo Comum

16 de Janeiro

 

Leituras:

1Sm 16,1-13

Sl 88(89),20.21-22.27-28

Mc 2,23-28

(Acesse aqui)

Por Pe. Geraldo Martins

Três fatos chamam nossa atenção na escolha de Davi como novo rei de Israel. O primeiro é que Samuel parece não se conformar com a sorte de Saul, rejeitado por Deus por causa de suas infidelidades.

O segundo é quando ele se deixa levar pela aparência na hora de ungir o novo rei. Engana-se e é repreendido pelo próprio Deus: “Não olhes para a sua aparência nem para a sua grande estatura, porque eu o rejeitei. Não julgo segundo os critérios do homem: o homem vê as aparências, mas o senhor olha o coração” (1Sm 16,7). Quem de nós nunca mereceu essa repreensão?

Uma vez ungido, Davi passa a ser habitado pelo Espírito do Senhor (1Sm 16,13). Esse é o terceiro fato. Toda pessoa eleita por Deus torna-se sua propriedade e é conduzida por seu Espírito. No batismo, todos somos eleitos e eleitas de Deus e nos tornamos possuidores de seu espírito segundo o qual devemos agir.

Esta liberdade que caracteriza o agir de Deus deve ser também a liberdade de seus filhos e filhas, como nos ensina Jesus no episódio em que seus discípulos transgridem a lei, arrancando espigas em dia de sábado (cf Mc 2,23). Não o fazem pelo simples prazer de desobedecer a uma lei, mas por uma questão de vida, de necessidade. Até mesmo o grande Davi já fizera algo semelhante (cf. 1Sm 21,2-7), como lembra o próprio Cristo (cf. Mc 2,25).

O rigor dos fariseus é vigorosamente combatido por Jesus que ensina o verdadeiro sentido da lei: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado” (Mc 23,27).  Aprendemos com isso que não devemos ser “mesquinhos na interpretação das leis, mas subordiná-las ao amor de Deus e do próximo” (Missal Cotidiano). É o que Cristo nos ensina.

São muitos os que têm dificuldade de se colocar com liberdade diante de leis e normas que não favorecem à vida e à dignidade humana. Os fariseus de hoje vivem tão preocupados em vigiar os outros, que acabam por não sentir a alegria da fé. O Papa Francisco tem nos ajudado tanto a agir de acordo com o Evangelho, sobretudo, em relação aos pobres, os marginalizados e excluídos. É uma pena que nem todos o compreendem e o combatem como se ele fosse inimigo. Não sabem “olhar com o coração”, como Deus, nem que “o sábado (a lei) foi feito para o homem” ...

Senhor, ensina-nos a olhar com o coração e a não julgar pelas aparências; dobra nosso coração e faz-nos compreender o verdadeiro sentido da lei, agindo na liberdade que vosso Espirito nos inspira. Amém!

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