Que jejum praticamos?

Sexta-feira depois das Cinzas

16 de fevereiro

 

Leituras:

Is 58,1-9a

Sl 50(51),3-4.5-6a.18-19 (R. 19b)

Mt 9,14-15

(Acesse aqui)

Por Pe. Geraldo Martins

O jejum é uma das práticas de penitência muito cara à Igreja. Observado com rigor pela religião judaica, o próprio Jesus o praticou quando esteve no deserto, preparando-se para sua missão. São muitos os que fazem jejum com o intuito de manifestar seu amor e fidelidade a Deus e, assim, alcançar a santidade a que todos somos vocacionados. Contudo, se não tiverem cuidado, podem estar enganando a Deus e a si mesmos.

No evangelho, os fariseus questionam Jesus porque seus discípulos não fazem jejum a exemplo deles. A resposta de Jesus mostra “que, com Ele, começaram os tempos messiânicos, o tempo das núpcias, o tempo escatológico anunciado pelos profetas, tempo de alegria durante o qual não se jejua, pois o Esposo está presente” (dehonianos). Por essa razão, não há necessidade de jejuar. Após sua ressurreição, sim, o jejum volta a ter sentido, consistindo não “apenas em abster-se de alimentos”, mas, “sobretudo, em desejar o encontro com Jesus salvador” (idem).

A preocupação com verdadeiro jejum vem desde o tempo dos profetas. Por sua prática religiosa, aí incluído o jejum, o povo julgava-se correto e fiel a Deus de quem cobrava correspondência – “Por que não te regozijaste, quando jejuávamos, e o ignoraste, quando nos humilhávamos?'” (Is 58,3). O profeta, no entanto, desmascara o povo mostrando que sua prática religiosa é pura exterioridade: “no dia do vosso jejum tratais de negócios e oprimis os vossos empregados. É porque ao mesmo tempo que jejuais, fazeis litígios e brigas e agressões impiedosas” (Is 58,3-4). Esta repreensão, em alguma medida, não se aplica também a nós?

Fazer jejum e fechar os olhos às necessidades dos irmãos e irmãs e não lutar pela justiça é enganação. “O jejum verdadeiramente agradável a Deus consiste em libertar-se do egoísmo e prestar alívio e ajuda ao próximo. A Igreja, abolindo quase inteiramente o preceito do jejum exterior, entendeu empenhar-se com maior força em favor dos pobres e humildes” (Missal Cotidiano). Entendemos, assim, a palavra do profeta: “o jejum que prefiro é quebrar as cadeias injustas, desligar as amarras do jugo, tornar livres os que estão detidos, romper todo tipo de sujeição, repartir o pão com o faminto, acolher em casa os pobres e peregrinos” (cf Is 58,6-7).

Senhor, nesta Quaresma, o nosso jejum se traduza, antes de tudo, na prática da caridade a fim de que, solidários aos irmãos e irmãs empobrecidos e sofredores, alcancemos a salvação que teu filho nos mereceu com sua morte e ressurreição. Amém!

Comentários

  1. Jesus veio para o meio de nós para viver nossa vida e nos ensinar a viver a vida. Ele nos ensinou a sermos responsáveis uns com os outros e a sermos irmãos de verdade. Ele nos ensinou que a força que nos une as pessoas não é a violência, mas a paz e a responsabilidade de um para com outro, isso é a igreja procura ensinar e praticar. Mas, às vezes, tem-se a impressão de que ainda estamos tão longe do evangelho. Quando virá o dia em que os homens e mulheres poderão viver em paz? A paz depende de nós e da justiça praticada.

    Leitura do Livro do profeta Isaías.
    Deus vem ao encontro do homem em sua profunda realidade, mas ele nem sempre corresponde a essa iniciativa de Deus.

    Jesus compara sua convivência com os discípulos a uma festa de casamento, onde ele é o noivo: símbolo da aliança: amizade, alegria, Liberdade.

    Senhor, vem em nosso auxílio que nessa Quaresma posso fazer, viver e praticar o jejum do amor, do perdão, da justiça, da verdade e da caridade, não de palavras mais de verdade. Amém

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  2. O verdadeiro jejum que Jesus ensina é a prática da justiça, do perdão,do amor e acolhida para com todos os irmãos.Nao é deixar de comer ,pois o que faz mal é o que sai de dentro do coração, das más ações.do coração humano.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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