Fidelidade e testemunho

Quinta-feira da 4ª Semana do Tempo Comum

14 de março

 

Leituras:

Ex 32,7-14

Sl 105(106),19-20.21-22.23 (R. 4a)

Jo 5,31-47

(Acesse aqui)

Por Pe. Geraldo Martins

O fundamento de toda e qualquer aliança é a fidelidade. Quando uma das partes envereda pelo caminho da infidelidade, a aliança é quebrada e pode colocar tudo a perder. Foi o que ocorreu com Israel logo após fazer a aliança com Deus. Fabricando para si um bezerro de ouro a que passa adorar, o povo rejeita o verdadeiro Deus e opta pela idolatria (Ex 32,7s). Diante disso, Deus não o reconhece mais como seu povo ao dizer a Moisés: “corrompeu-se o teu povo” (Ex 32,7). É chamado de “um povo de cabeça dura” (Ex 32,9). Por isso, Deus manifesta seu desejo de constituir para si um novo povo a partir de Moisés.

A intercessão de Moisés em favor do povo prefigura a ação de Cristo em favor da humanidade. Não se deixando seduzir pela tentação da grandeza, Moisés identifica-se com o povo e recorda que este, mesmo na infidelidade, continua sendo o povo de Deus (Ex 32,11). É graças à mediação de Moisés que Deus usa de misericórdia “desistindo do mal que havia ameaçado fazer com o povo” (Ex 32,14).

Na contenda com as lideranças do povo por causa da cura que fizera num dia de sábado, Jesus mostra que sua identidade e missão têm, pelo menos, quatro testemunhos: de João Batista, do Pai, de suas obras e das Escrituras. Quem, porém, está fechado em si mesmo, preocupado em justificar-se diante do novo que Cristo inaugura, jamais conseguirá acolher esse testemunho.

Hoje, também, são muitos os testemunhos de Cristo, mas quem está disposto a ouvi-los? A Igreja, por exemplo, é um desses testemunhos, mas “pode-se ser incapaz de sentir nela a voz de Jesus, de ver em suas obras as obras de Jesus” (Missal Cotidiano). Tudo dependerá da disposição interior de cada um.

Na liturgia de hoje, devemos refletir sobre nossas infidelidades a Deus, quebrando sua aliança de amor conosco. Ao mesmo tempo, devemos nos abrir ao testemunho de Cristo que vem a nós para nos trazer a salvação que Deus nos oferece gratuitamente. Jesus é o novo Moisés a interceder por nós, fazendo a nova e eterna aliança de Deus com seu povo, o novo Israel, que é a Igreja. Oxalá não sejamos povo de cabeça dura e jamais nos deixemos guiar pela idolatria que tanto nos seduz.

Senhor, somos teu povo. Queremos viver na fidelidade e no amor a aliança que firmaste conosco no sangue de teu Filho. Não permitas que nos desviemos de tua presença ou que rejeitemos o teu amor salvador. Amém!