Discernimento e paciência

Sábado da 16ª Semana do Tempo Comum 
27 de julho

Leituras:
Jr 7,1-11
Sl 83(84),3.4.5-6a e 8a.11 (R. 2)
Mt 13,24-30

Por Pe. Geraldo Martins 

A coerência e a autenticidade são características que devem marcar a vida de toda pessoa, sobretudo, das que se afirmam cristãs. Quem usa a religião para disfarçar um comportamento contrário aos ensinamentos de Deus, engana-se a si mesmo e não fica impune por isso.

O profeta Jeremias, na porta do Templo, condena todos aqueles que se servem do culto mantendo as aparências de uma vida de fidelidade a Deus quando, na verdade, agem contrariamente às virtudes de quem ama e serve a Deus. 

A mudança de vida, isto é, a conversão, é o caminho próprio de quem pratica o mal, como lembra Jeremias. Urge “melhorar a conduta e as obras”. Como? O profeta responde: praticar a justiça, não explorar nem lesar os pobres (o estrangeiro, o órfão e a viúva), não praticar crimes e violência, dizer não à idolatria (cf. Jr 7,5s).

No evangelho, ao contar a parábola do trigo e do joio, Jesus ensina, pelo menos, duas lições. Em primeiro lugar, que o mal não vem de Deus. Quem semeia ojoio é o maligno. Ele o faz à noite, na escuridão, quando todos estão dormindo. “Este inimigo é astuto: semeou o mal no meio do bem, de tal forma que para nós, homens, é impossível separá-lo claramente; mas no final Deus conseguirá fazê-lo!” (Papa Francisco- Angelus, 20.7.2014)

A segunda lição é que não devemos nos precipitar, nem nos desesperar, mas usar de paciência e serenidade diante do mal, na certeza de que ele não terá a última palavra. “Às vezes temos uma grande pressa de julgar, classificar, pôr de um lado os bons e do outro os maus” (Papa Francisco, 20.7.2014). Não devemos agir assim, mas ter a paciência evangélica que “não é indiferença diante do mal”, mas discernimento e confiança na ação de Deus.

O evangelho convida-nos a olhar para nossa realidade, para nossa sociedade e perceber duas coisas. Primeira: quem é joio e quem é trigo na realidade em que vivemos? Segunda: quem semeia o joio? Só responderá a essas indagações quem se deixar conduzir pelo Espírito Santo. Portanto, cuidado com os juízos precipitados.

Senhor, enche-nos com teu Espírito a fim de que, com seu auxílio e inspiração, mudemos de vida, produzamos boas obras e usemos de paciência quando o mal aparecer no meio do bem. Amém!