Viver a fé que vem do interior

Terça-feira da 21ª Semana do Tempo Comum

27 de agosto

Santa Mônica - Memória

 

2Ts 2,1-3.14-17

Sl 95(96)

Mt 23,23-26

(Acesse aqui)

 

Por Pe. Geraldo Martins

A prática da fé não dispensa o uso da razão que comporta conhecimento e discernimento. Não poucas pessoas, com o desejo de viver intensa e piedosamente sua fé, acabam perdendo a capacidade de ver criticamente o que lhes é oferecido. Basta que algo esteja rotulado de cristão, católico, para acreditar e seguir. E, assim, se deixam enganar por discursos que não favorecem à prática da verdadeira fé.

A comunidade de Tessalônica estava alarmada porque acreditava que a vinda de Cristo era iminente. É o que alguém espalhara. Podemos imaginar, então, a apreensão dos tessalonicenses. Por isso, Paulo vai adverti-los a não se deixarem enganar, seguindo pregações que não tenham como fundamento o ensinamento do apóstolo – “não deixem tão facilmente transtornar a cabeça de vocês nem se alarmem por causa de alguma revelação ou carta atribuída a nós, afirmando que o Dia do Senhor está próximo” (2Ts 2,2). Fidelidade à verdadeira fonte é fundamental para não se deixar enganar.

O crescimento dos ditos ‘evangelizadores digitais’ tem favorecido a muitas pregações sem critério, que infundem escrúpulos no coração e na consciência das pessoas que, incapazes do discernimento, passam a viver uma fé fundamentalista e opressora. Diante disso, é preciso reafirmar a necessidade de se deixar guiar pela liberdade dada pelo Espírito cuja luz e sabedoria revelam o verdadeiro modo de viver e testemunhar a fé.

No evangelho, Jesus condena a religião da exterioridade, praticada pelos doutores da lei e pelos fariseus a quem chama de hipócritas. Pagar o dízimo, mas ignorar a misericórdia, a justiça e a fidelidade é hipocrisia. Preocupar-se com a limpeza do copo e do prato e negligenciar a limpeza interior, também é hipocrisia. Nenhuma prática de fé é verdadeira se não nasce do interior, se não traduz compromisso com a verdade do evangelho.

O fundamentalismo e o tradicionalismo, que têm se aninhado em tantos corações nos últimos tempos, levam muitos a fazer aquilo que Jesus condena neste texto: filtrar mosquito, mas engolir camelo (cf Mt 23,24). Há pessoas que ficam tão preocupadas com o secundário – basta ver como vigiam a liturgia e outras práticas de fé – que acabam se perdendo em relação ao essencial. Estão muito próximos de viver na hipocrisia condenada por Jesus.

Senhor, não permitas que nos deixemos enganar na vivência e na prática de nossa fé. Iluminados por teu Espírito, saibamos discernir o essencial do secundário a fim de que nossa prática de fé seja verdadeiramente libertadora. Amém!

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Hoje, 27/8, celebramos 18 anos da Páscoa do Servo de Deus Dom Luciano Mendes, profeta e santo, eterna referência para nossa Arquidiocese de Mariana e para a Igreja no Brasil. Servidor dos pobres que amou a Igreja e viveu com fidelidade o evangelho da vida e da esperança. São suas estas palavras:

“Creio que podemos acreditar que outra sociedade é possível, marcada pela justiça, desde que o mandamento de Cristo na Eucaristia, o amor gratuito, seja lei interior de nossa vida e da sociedade”.

Lembramos também, nesse dia, a páscoa de outros dois grandes profetas: Dom Helder Câmara e dom José Maria Pires. Juntos de Deus, eles intercedam por nós.