O caminho da salvação

Quarta-feira da 30ª Semana do Tempo Comum

30 de outubro

 

Leituras:

Ef 6,1-9

Sl 144(145),10-11.12-13ab.13cd-14

Lc 13,22-30

(Acesse aqui)

 

Por Pe. Geraldo Martins

Em sua exortação final à comunidade de Éfeso, Paulo se volta aos filhos orientando-os a obedecer aos pais como ao Senhor. Faz o mesmo aos escravos em relação aos seus senhores. 

Obedecer vem do latim ob+audire que dá obedire, isto é,  saber ouvir, escutar com atenção. Isso supõe diálogo, por isso, o apóstolo orienta os pais a agirem de forma a não deixar os filhos revoltados contra si, buscando inspirar-se sempre no Senhor para discipliná-los e aconselhá-los (Ef 6,4). Aconselha, igualmente, os senhores a não ameaçar seus escravos, lembrados de que “o Senhor deles e vosso está nos céus e diante dele não há acepção de pessoas” (Ef 6,9).

Segundo Paulo, nossas relações devem ter como base o amor que nos vem de Deus. Ele é a grande referência para tudo. Sem Deus prevalecerão o autoritarismo e a opressão. Em toda relação deve haver uma reciprocidade de deveres e trato, além de uma igualdade radical sob um único Senhor: Deus (cf. Bíblia do Peregrino). Em tudo, a caridade, o respeito e o reconhecimento da dignidade de cada pessoa. Do contrário, as relações de pais e filhos, de patrões e colaboradores, serão de dominação e de poder, não de serviço e de amor.

Esse é um caminho exigente que dialoga com o evangelho proclamado na liturgia de hoje em que Jesus é interpelado sobre o número dos que se salvam. Em sua resposta, Jesus não diz quantos se salvam, mas mostra o que é necessário para se salvar: passar pela porta estreita. O que significa isso? Viver de acordo com seus ensinamentos. Um recado direto aos grupos daqueles que já se julgavam salvos por cumprirem a lei, mas não aceitaram Jesus. São os que batem à porta fechada e dizem “Nós comemos e bebemos diante de ti, e tu ensinaste em nossas praças!'” (Lc 13,26). Ouvirão: “não sei de onde são. Afastem-se de mim” (Lc 13,27). Fazemos parte desses grupos?

A salvação é graça de Deus, mas é também fruto do esforço e do compromisso de nos colocarmos a caminho com Jesus para Jerusalém onde ele se imolará por toda a humanidade. Isso significa passar pela porta estreita, afinal, o evangelho é exigente e nem todos estão dispostos a vivê-lo em sua radicalidade, por isso, Jesus diz: “muitos tentarão entrar e não conseguirão” (Lc 13,24) e ainda, “há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos" (Lc 13,30). Em qual desses grupos nos inserimos?

Senhor, ensina-nos a viver a verdadeira obediência que nos faz discípulos de teu Filho e nos capacita a passar pela porta estreita que conduz ao teu Reino. Amém!