Dons recebidos, dons multiplicados

Quarta-feira da 33ª Semana do Tempo Comum

20 de novembro

 

Leituras:

Ap 4,1-11

Sl 150,1-2.3-4.5-6

Lc 19,11-28

(Acesse aqui)

 

Por Pe. Geraldo Martins

Os capítulos 4 e 5 de Apocalipse trazem uma grande visão de São João, descrevendo a liturgia celeste através de vários elementos e símbolos tirados do Antigo Testamento, especialmente de Ezequiel e Isaías.

Apresenta Deus em seu trono celeste, cercado por sua corte. As pedras preciosas traduzem sua beleza (Ap 4,3). Os vinte e quatro anciãos (Ap 4,4) são “um senado, espécie de corte que não delibera, mas adora e canta hinos. São, provavelmente, doze do AT e doze do NT, representando os dois povos unidos e pacificados” (Bíblia do Peregrino). Há ainda os quatro seres vivos (Ap 4,6), número simbólico que representa a totalidade cósmica, “símbolo do universo do qual jorra pela primeira vez o louvor de Deus” (Missal Cotidiano). Trovões, relâmpagos, vozes (Ap 4,5) ressaltam a manifestação de Deus (teofania). Tudo põe em evidência a grandeza de Deus.

A liturgia é sempre louvor a Deus que, em sua grandeza e beleza, vem a nós e nos abraça com seu amor infinito. Nossa liturgia terrestre deve nos conduzir a essa liturgia celeste. “Somos chamados a receber a revelação do reino de Deus, a exultar com o pensamento de que Deus é onipotente, dominador do céu e da terra, e a render-lhes as nossas homenagens, com todas as nossas forças, sabendo que jamais o louvaremos de modo adequado. Em Cristo, o nosso louvor será perfeito, como nos dirá João na página seguinte do Apocalipse” (dehonianos.org).

No evangelho, a parábola contada por Jesus ressalta, em primeiro lugar, sua paixao, morte e ressurreição ao dizer: “Um homem nobre partiu para um país distante, a fim de ser coroado rei e depois voltar” (Lc 19,12). Em segundo lugar, destaca a importância de a comunidade dos discípulos de Cristo se empenhar em multiplicar os dons que Ele dá a cada um. Interessante observar que, em Lucas, ao contrário de Mateus, na parábola dos talentos (Mt 25,14-30), cada um recebe a mesma quantidade de dons.

A parábola ensina que “os cristãos devem empenhar-se, colocando os próprios dons a serviço da vida. Nossa tarefa consiste em fazer bom uso da inteligência e da liberdade para melhorar o mundo, sob a inspiração do Espírito Santo” (paulus.com.br). Todos somos chamados a nos colocar a serviço uns dos outros no amor. Esse é o caminho para fazer multiplicar os dons recebidos de Deus.

Senhor, a ti nosso louvor e gratidão pelos dons que nos dás. Livra-nos da ociosidade e da omissão que nos impedem de colocá-los a serviço dos irmãos, meio mais eficaz de fazer com que se multipliquem. Amém!