O alimento dos profetas

Sexta-feira da 33ª Semana do Tempo Comum

22 de novembro

 

Leituras:

Ap 10,8-11

Sl 118(119),14.24.72.103.111.131 (R. 103a)

Lc 19,45-48

(Acesse aqui)

 

Por Pe. Geraldo Martins

Continuando suas visões, João revela que chegou o momento de profetizar –“Deves profetizar ainda contra outros povos e nações, línguas e reis” (Ap 10,11). Para tanto, é necessário estar preparado. Esta preparação se dá apropriando-se da Palavra que deve ser ingerida pelo profeta. Daí a imagem de comer o livro (cf. Ap 10,9). A Palavra é o conteúdo da profecia. Ninguém pode ser profeta se não estiver abastecido da Palavra de Deus, afinal, nenhum profeta anuncia a própria mensagem, senão a de Deus.

O duplo gosto da palavra – doce na boca, amargo no estômago – significa o efeito diverso que a palavra produz em que a acolhe (doce) e em quem a rejeita (amargo). A Palavra sempre produz efeitos em quem a ouve. “A divina revelação tem sempre este duplo aspecto de doçura-amargor. Mensagem doce para os bons, que conduz à paz e à glória, porém, amarga para os maus, a quem ameaça com desventura e castigos” (Missal Cotidiano).

No evangelho, Lucas mostra Jesus expulsando os vendilhões do Templo, reafirmando ser aquele um lugar de oração. A profanação do Templo é uma afronta a Deus que se serve desse espaço para o encontro com seus filhos e filhas. O gesto de Jesus provoca a reação dos sumos sacerdotes,  dos mestres da Lei e dos notáveis do povo que "procuravam modo de matá-lo” (Lc 19,47). Só não o fazem por causa do povo que “ficava fascinado quando ouvia Jesus falar” (Lc 19,48). O povo se torna, assim, o escudo de Jesus.

Os espaços sagrados devem merecer toda nossa atenção e cuidado. A forma como cuidamos de nossos templos traduz também, de certa forma,  o modo como nos relacionamos com Deus. Contudo, seria extremamente contraditório cuidarmos de nossas igrejas e capelas ignorando as pessoas, templos vivos de Deus, sua morada predileta. Muitos destes templos são constantemente profanados quando desrespeitados em sua dignidade ou quando têm violados seus direitos. Como reagimos quando profanam o templo preferido de Deus, especialmente os pobres e excluídos?

Senhor, alimenta-nos com tua Palavra a fim de que, na vivência da profecia, anunciemos tua mensagem denunciando tudo aquilo que profana a pessoa humana, teu templo predileto. Amém!