Sentir a gentileza de Deus

Sexta-feira da 3ª Semana do Advento

20 de dezembro de 2024

 

Leituras:

Is 7,10-14

Sl 23(24),1-2.3-4ab.5-6 (R. 7c.10b)

Lc 1,26-38

(Acesse aqui)

 

Por Pe. Geraldo Martins

O reinado do jovem rei Acaz está ameaçado. Ao invés de confiar em Deus, ele prefere confiar nas alianças humanas. Movido por uma falsa humildade que encobre sua fé vacilante (cf. Bíblia do Peregrino), ele se recusa a pedir um sinal de Deus. Ainda assim, o profeta anuncia o sinal de que um menino nascerá de uma jovem. No contexto histórico, a jovem de que fala o profeta é a esposa do rei que, grávida, dá à luz Ezequias, filho de Acaz. Baseado na versão grega dos Setenta, a tradição judaica interpretou “jovem” como virgem e a tradição cristã aplicou essa passagem a Maria que deu à luz Jesus, o Emanuel, Deus conosco.

Em nossas dificuldades e tribulações, devemos sempre colocar nossa confiança em Deus e recorrer a Ele a fim de que nos mostre seus caminhos. Deus sempre age em favor de seus filhos e filhas, mas não dispensa o esforço e a dedicação do ser humano. A presunção afasta-nos de Deus porque nos faz pensar que nos bastamos a nós mesmos. Toda vez que agimos presunçosamente, enganamo-nos a nós mesmos e somos derrotados.

Aplicada a Maria, esta profecia de Isaías mostra a proximidade de Deus com a humanidade. É de Maria que nasce o Emanuel, o Deus Conosco, que arma sua tenda entre nós e assume nossa história, experimentando tudo o que é humano, menos o pecado. O sim de Maria faz dela a porta de entrada do Deus humanado na nossa história. Ao proclamar “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo tua palavra” (Lc 1,38), Maria manifesta, a um só tempo, “disposição passiva e adesão ativa” à vontade do Senhor. Seguimos seu exemplo na vivência de nossa fé?

Coberta pela sombra do Altíssimo (Lc 1,35), Maria sente a “gentileza de Deus” que “age sempre como um amor suave que abraça, que fecunda, que guarda, sem fazer violência, sem ferir a liberdade” (Papa Francisco, Angelus – 24.12.23). Somos convidados, especialmente, neste Natal que se aproxima, a sentir a gentileza de Deus que nos cobre com a sombra de seu amor, de sua ternura, de seu carinho, de sua proteção. E a melhor forma de sentir essa gentileza de Deus é fazendo-nos gentis com nossos irmãos e irmãs, sobretudo, os pobres e excluídos. É assim que, a exemplo de Maria, nos tornamos servos e servas do Senhor que cumpre em nós suas promessas.

Senhor, cobre-nos com tua sombra a fim de que se realize em nós tua vontade e nos tornemos teus servos e servas a exemplo de Maria, a mãe de teu divino filho. Amém!