Servir e acolher

Sábado da 3ª Semana do Advento

21 de dezembro de 2024

 

Leituras (próprias):

Ct 2,8-14 ou Sf 3,14-18a

Sl 32(33),2-3.11-12.20-21 (R. 1a e 3a)

Lc 1,39-45

(Acesse aqui)

 

Por Pe. Geraldo Martins

A imagem de esposo e esposa, no Antigo Testamento, é usada para se referir à relação de Deus com seu povo (cf. Os 1-3; Is 62, 4-5; Jer 3, 1-39). Esta mesma imagem aplica-se a Cristo, o esposo, com a Igreja, sua esposa (cf. Mc 2, 19-20; Ef 5, 25-26; 2 Cor 11, 2; Ap 21, 9).

No Cântico dos Cânticos, o autor, de forma poética e romântica, ressalta a alegria da esposa pela volta de seu esposo-pastor que retorna para casa após ficar longe durante o inverno em busca de pastagens para seu rebanho. Passou o inverno, chegou a primavera e o esposo voltou! De longe a esposa reconhece a voz de seu amado que vem ao seu encontro correndo pelas montanhas (cf. Ct 2,8)

Neste poema, Deus é o esposo e Israel, a esposa. “E, porque o amor de Deus pelo seu povo se prolonga no amor de Cristo pela sua Igreja, o esposo é Cristo e a esposa é a Igreja. A liturgia utiliza esta simbologia nupcial entre Cristo e Maria e entre Cristo e o crente: a Virgem é figura da Igreja que vai alegre ao encontro de Cristo-esposo que vem. O mesmo sucede com todo o membro da comunidade cristã que vive na expectativa de acolher o Senhor para O deixar falar-lhe ao coração” (dehonianos.org).

O evangelho nos traz a cena da visitação de Maria a Isabel que dialoga com esta passagem do livro do Cântico dos Cânticos. “A idosa Isabel simboliza Israel que espera o Messias, enquanto que a jovem Maria traz em si o cumprimento desta expectativa, em benefício de toda a humanidade. (...) A exultação de João no seio de Isabel é o sinal do cumprimento da expectativa: Deus está para visitar o seu povo” (Bento XVI – Angelus, 23.12.2012). É o esposo, Cristo, que vem ao encontro de sua esposa, a Igreja, o novo Israel.

São muitas as lições dessa cena. Fiquemos com duas: serviço e acolhimento. Maria, a que se fizera serva do Senhor, vai apressadamente servir a Isabel. Esta, por sua vez, acolhe Maria e, cheia do Espírito Santo (cf. Lc 1,41), vai saudá-la como bendita entre as mulheres, reconhecendo o fruto de seu ventre como seu Senhor (cf. Lc 1,42s).

Lembra Bento XVI: “onde há acolhimento recíproco e escuta, onde se dá espaço ao outro, ali estão Deus e a alegria que vem d’Ele. Imitemos Maria no tempo de Natal, visitando quantos vivem em dificuldade, em particular os doentes, os presos, os idosos e as crianças. E imitemos também Isabel que acolhe o hóspede como o próprio Deus: sem o desejar nunca conheceremos o Senhor, sem o esperar não o encontraremos, sem o procurar não o descobriremos” (Angelus – 23.12.12)

Ó Maria, visita-nos com teu Filho e ensina-nos a servir com alegria aos nossos irmãos e irmãs. Amém!