Características do Reino

Sexta-feira da 3ª Semana do Tempo Comum

31 de janeiro de 2025

São João Bosco - Memória

Leituras:

Hb 10,32-39

Sl 36(37),3-4.5-6.23-24.39-40 

Mc 4,26-34

(Acesse aqui)

Por Pe. Geraldo Martins

 

A revolução tecnológica, sobretudo, a da comunicação, tem a rapidez e a instantaneidade como uma de suas características mais evidentes. Tudo é muito rápido e imediato. Isso nos deixou mal acostumados de tal forma que nos tornamos imediatistas, impacientes e exigentes para que tudo aconteça de acordo com o nosso tempo. 

Neste contexto, toda espera transforma-se numa espécie de tortura. Com isso, queimamos etapas e deixamos de compreender que “o tempo é superior ao espaço” e que “dar prioridade ao tempo é ocupar-se mais com iniciar processos do que possuir espaços” (Evangelii Gaudium, 223).

Penso que é disso que nos fala este trecho do evangelho de Marcos em que Jesus compara o Reino de Deus ao agricultor que lança a semente na terra e vai dormir, aguardando, tranquila e pacientemente, seu processo de germinar e produzir até a colheita.  

Esta parábola ensina-nos que o Reino de Deus “possui em si mesmo um princípio de desenvolvimento, uma força secreta, que o levará à sua plena realização” (Bíblia de Jerusalém). A nós cabe ter paciência e confiança, nada mais. Não podemos ter a pretensão de querer determinar a hora de Deus. Por isso, “em vez de agitação, serenidade; em vez de indolência, esforço; em vez de desânimo, certeza da fé” (Missal Cotidiano).

Outra característica do Reino aparece na segunda parábola contada por Jesus que o compara ao grão de mostarda que "que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes da terra" (Mc 4,31). Aqui a ênfase está na pequenez, na humildade, na simplicidade. Acostumados ao que é espalhafatoso, grandioso e espetacular, nem sempre damos valor ao que nos parece insignificante e pequeno. 

Lembremo-nos: "No seu crescer e germinar dentro da história, o Reino não depende tanto da obra do homem, mas é sobretudo expressão do poder e da bondade de Deus, da força do Espírito Santo que leva por diante a vida cristã no Povo de Deus. Por vezes a história, com as suas vicissitudes e os seus protagonistas, parece caminhar em sentido contrário ao desígnio do Pai celeste, que quer para todos os seus filhos a justiça, a fraternidade e a paz. (...) Por isso, nos momentos de escuridão e de dificuldade não devemos desanimar, mas permanecer ancorados na fidelidade de Deus, na sua presença que salva sempre. Recordai-vos disto: Deus salva sempre. É o Salvador". (Papa Francisco - Angelus - 17.06.18)

Senhor, dá-nos as virtudes da paciência, da confiança e da humildade para vivermos segundo os valores do teu Reino que teu Filho nos mereceu doando sua vida cruz por nós. Amém!