Compaixão e partilha, o milagre da vida

 Terça-feira depois da Epifania
7 de janeiro de 2025

Leituras:
1Jo 4,7-10
Sl 71(72),1-2.3-4ab.7-8
Mc 6,34-44

Por Pe. Geraldo Martins

A compaixão de Jesus diante das multidões que pareciam “ovelhas em pastor” (Mc 6,34) leva-o a duas atitudes libertadoras. Em primeiro lugar, Ele “começou a ensinar-lhes muitas coisas” (Mc 6,34). Marcos não revela o conteúdo do ensinamento de Jesus. Podemos intuir que Ele falava das coisas do Reino, do amor e da misericórdia de Deus, da vida em fraternidade, mas também das causas que os tornavam “ovelhas sem pastor”. Imagino que Jesus ajudava o povo a ler a realidade que os envolvia e os estimulava a serem sujeitos de sua libertação e da luta pela justiça e pela igualdade.

A compaixão de Jesus se mostra também diante da fome da fome das multidões. Enquanto os discípulos propõem que elas sejam despedidas para que cada um providencie o próprio alimento, Jesus dá outra ordem: “deem-lhes vocês mesmos de comer” (Mc 6,37). A solução está na partilha, mostra Jesus ao perguntar quantos pães eles têm. Dos cinco pães e dois peixes que arrecadam, Jesus faz fartura que sacia a todos a ponto de até sobrar. A partilha, porém, não dispensa a organização – “mandou que todos se sentassem na grama verde, formando grupos” (Mc 6,39). 

Numa clara referência à Eucaristia, antes de distribuir os pães e os peixes, Jesus “ergueu os olhos para o céu, pronunciou a bênção, partiu os pães e ia dando aso discípulos para que os distribuíssem” (Mc 6,41). Eucaristia é, portanto, partilha e só a recebe verdadeiramente quem se dispõe a repartir com quem não tem. A Eucaristia é sempre uma denúncia à desigualdade social que produz fome e miséria. Não comunga verdadeiramente o corpo e sangue de Cristo quem fica indiferente aos milhões de irmãos e irmãs que passam fome e sofrem por causa de uma economia que coloca o lucro no centro, descartando a pessoa humana. 

A compaixão, que nasce do amor,  move-nos em favor do outro, faz-nos reconhecer sua necessidade e leva-nos a vencer a tentação da indiferença. Diz-nos São João Paulo II: “A multidão de famintos, composta de crianças, mulheres, anciãos, migrantes, deslocados, desempregados, dirige-nos o seu grito de dor. Imploram-nos, esperando ser ouvidos. Como não tornar atentos os nossos ouvidos e vigilantes os nossos corações, começando por pôr à disposição aqueles cinco pães e os dois peixes que Deus colocou em nossas mãos? Todos podemos fazer qualquer coisa por eles, dando cada um o seu próprio contributo. Isto requer certamente renúncias, que supõem uma conversão interior e profunda. É preciso, sem dúvida, rever os comportamentos consumistas, combater o hedonismo, opor-se à indiferença e à delegação das responsabilidades” (Mensagem para a Quaresma de 1996).

Senhor, faz-nos experimentar a compaixão de teu Filho para que, por ela movidos, vençamos a indiferença e aprendamos a fazer da partilha o caminho de superação da fome e da desigualdade social. Amém.  

Comentários

  1. Leitura da primeira Carta de São João.
    O amor é o distintivo do cristão. Tudo vem de Deus, e Ele nos dá a prova de amor maior, enviando-nos o seu Filho único.

    A fonte de amor eterno, Deus, veio até nós, por meio de seu Filho Jesus Cristo, para que matássemos a fome e a sede de amor. Amor gera vida em abundância. O desamor destrói é gera morte. A compaixão de Jesus para com a multidão, nos mostra também quem ele era: a nova aliança do amor do Pai! Matar a fome e a sede do irmão,
    é mostrar ao mundo o projeto do Reino. O dos homens, muitas vezes está recheado de egoísmo.

    A comunidade cristã é o novo povo de Israel, nutrido com palavra de Deus, com os peixes, com o pão;o novo maná que é Jesus.

    Senhor, faz-nos experimentar a compaixão em nossos corações a certeza de que a partilha solidária gera vida e justiça no meio de nós, que nos leva o caminho da superação da fome e da desigualdade. Amém

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  2. Senhor Jesus assim como o senhor teve compaixão da multidão que estavam como ovelhas sem pastor, ensina - nós a sabermos partilhar o pão da palavra e o pão que alimenta e sacia a fome de tantos irmãos que passam fome.

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